A preocupação com o meio ambiente é uma grande oportunidade para a evangelização católica. Afinal, Jesus Cristo é o caminho, a verdade, a vida. Por meio dele todas as coisas foram feitas e tudo o que foi feito leva sua marca. Ser grato pelo mundo como um dom precioso é dar um passo em direção a Deus.
1. Os melhores pensadores católicos modernos viam a pessoa humana e o meio ambiente como interligados
Em sua encíclica Rerum Novarum, o Papa Leão XIII recordou para um mundo transformado pela revolução industrial que a dignidade dos trabalhadores integra a natureza da pessoa humana e implica o chamado a cultivar a terra.
J.R.R. Tolkien nos deu a mais alta expressão artística dessa visão do homem vivendo em harmonia com o mundo no Condado do Senhor dos Anéis. “As árvores, a grama e todas as coisas que crescem ou vivem na terra pertencem a si mesmas”, diz a esposa de Tom Bombadil, Goldberry, no início da história. Assim, o livro trata também sobre aqueles que veem o valor intrínseco da terra, salvando-a daqueles que a veem apenas como algo a ser explorado.
2. Aprendemos da maneira mais difícil que as soluções seculares por si só não podem resolver os problemas ambientais
Foi surpreendente saber este ano que, depois de todos os esforços das últimas décadas, o fervor pelas causas ambientais apenas diminuiu. O instituto Gallup relata que 40% dos americanos adultos atualmente se autodenominam “ambientalistas” – contra quase o dobro em 1991.
E hoje, tanto um terço dos ambientalistas quanto dois terços dos não ambientalistas priorizam o crescimento econômico em vez de proteger os recursos da Terra.
Segundo o Papa Francisco, o grande inimigo do meio ambiente está em nossos corações.
“O grande risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada”, diz o Papa.
A degradação ambiental vem de corações enfermos pela ganância e o egoísmo, e somente Deus pode consertar isso.
3. Sem abordar o coração, as soluções seculares podem ser mais destrutivas do que os problemas que esperam resolver
Muitas vezes, os ambientalistas que começam lutando pelo planeta acabam querendo erradicar os seres humanos da Terra. No Dia da Terra de 2021, grupos lembraram ao mundo que “o ponto central do tema do primeiro dia da Terra em 1970 foi o entendimento de que o crescimento da população dos EUA foi um parceiro na degradação dos recursos ambientais de nossa nação.”
Mas pesquisadores como Fred Pearce, da Yale Environment 360, estão vendo o que a Igreja já sabia. Como disse Pearce, “O consumo crescente hoje supera em muito o número crescente de pessoas como uma ameaça ao planeta”.
Como o Papa Francisco argumenta em Laudato Si ’, “culpar o incremento demográfico em vez do consumismo exacerbado e selectivo de alguns é uma forma de não enfrentar os problemas. Pretende-se, assim, legitimar o modelo distributivo actual, no qual uma minoria se julga com o direito de consumir numa proporção que seria impossível generalizar, porque o planeta não poderia sequer conter os resíduos de tal consumo”.
4. A mesma atitude que tenta dominar a natureza humana tenta dominar a Mãe Natureza
O Papa Francisco também alertou que nossa tendência a tentar remodelar a humanidade também leva à degradação ambiental.
“Pensar que desfrutamos de poder absoluto sobre nossos corpos se transforma, muitas vezes sutilmente, em pensar que desfrutamos de poder absoluto sobre a criação”, escreveu o Papa.
5. O que é necessário é uma mudança no estilo de vida
O Papa Bento XVI enfatizou seu ponto de vista de maneira direta.
“É cada vez mais claro que o tema da degradação ambiental põe em questão os comportamentos de cada um de nós, os estilos de vida e os modelos de consumo e de produção hoje dominantes, muitas vezes insustentáveis do ponto de vista social, ambiental e até económico. Torna-se indispensável uma real mudança de mentalidade que induza a todos a adoptarem novos estilos de vida, «nos quais a busca do verdadeiro, do belo e do bom e a comunhão com os outros homens, em ordem ao crescimento comum, sejam os elementos que determinam as opções do consumo, da poupança e do investimento».”
O Papa Francisco disse o mesmo usando outras palavras.
“Se nos aproximarmos da natureza e do meio ambiente sem esta abertura para a admiração e o encanto, se deixarmos de falar a língua da fraternidade e da beleza na nossa relação com o mundo, então as nossas atitudes serão as do dominador, do consumidor ou de um mero explorador dos recursos naturais, incapaz de pôr um limite aos seus interesses imediatos. Pelo contrário, se nos sentirmos intimamente unidos a tudo o que existe, então brotarão de modo espontâneo a sobriedade e a solicitude.”.
No final das contas, apenas admiração e gratidão pela verdade, a beleza e a bondade mudarão os corações e salvarão o planeta. O que quer dizer que nada, a não ser Jesus Cristo, poderá fazê-lo.
Fonte: Aleteia
Source: Igreja no Mundo