Lembro-me como se fosse hoje. No dia 30 de novembro de 2002, eu e tantos outros amigos, que estávamos sendo acompanhados pela Pastoral Vocacional Diocesana, esperávamos nos bancos da igreja Bom Jesus de Piraporinha para conversar com o Padre Sérgio, que na época era o assessor da PV, reitor da casa de filosofia e pároco de Piraporinha. Foi a primeira vez que tive contato com nossa igreja. Aquela conversa seria em minha vida um divisor de águas, pois, através dela, saberia se tinha sido aprovado para ingressar no seminário diocesano ou não. A ansiedade me consumia. Muitos desciam as escadas que davam na sala que, hoje, atendo aos finais de semana com sorrisos, indicando que tinham sido aceitos; outros com lágrimas, dizendo que teriam que esperar mais um tempo. Chegou a minha vez. Subi as escadas tremendo, minhas mãos suavam. Abri a porta da sala onde o padre Sergio estava, convidou-me para sentar e perguntou-me: “Dayvid, você quer ser padre mesmo?”. Eu disse: “Quero, sim senhor”. Então, ele disse: “parabéns, você foi aceito”. Agradeci, sai da sala e desci as escadas sorrindo, abracei meus amigos que esperavam por mim e fomos embora. Agora tinha que começar a pensar em sair de casa, deixar meus pais e minha irmã, que na época tinha 14 anos, para me lançar nessa santa aventura.
Entrei no seminário em 3 de fevereiro de 2003, tendo como primeiro formador o Padre Ademir, que na época era pároco da paróquia Nossa Senhora de Guadalupe e formador da casa do Propedêutico, situada no jardim Takebi, na região do Canhema – Diadema. Foi um ano muito bom, onde pude amadurecer ainda mais a minha vocação. Em 2004, ingressei no seminário de filosofia, no parque 7 de setembro, em Diadema. O Reitor era o padre Sérgio, que ficaria no seminário até meados de 2004. Com a saída do padre Sergio da formação e seu retorno para Minas, quem assume o seminário e também a paróquia Bom Jesus de Piraporinha é o padre Ademir. Por meio dele, pude estreitar os laços com a paróquia, pois, em 2006, padre Ademir pediu que, com o Jerry (que era seminarista na época) viesse trabalhar aos finais de semana em Piraporinha. Foi um ano muito bom. Pude fazer muitos amigos. Jerry e eu dormíamos nas casas aos finais de semana, pois não tínhamos ainda a casa paroquial, o que nos ajudou a estreitar laços de amizade com muitos paroquianos.
Segui minha vida no seminário. Fui para a teologia em 2007. De vez em quando, vinha visitar amigos, ou participar de algumas missas. Não imaginava o que Deus me preparava.
No dia 10 de dezembro de 2011, fui ordenado padre pela imposição das mãos de Dom Nelson, nosso bispo na época, e fui nomeado como Vigário da paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, em São Bernardo do Campo, para ajudar o também recém nomeado pároco, Padre José Aparecido Cassiano. Como vigário na Guadalupe, pude aprender muito, e sou muito grato àquela paróquia. Mas Deus colocaria Piraporinha em minha vida mais uma vez.
No dia 31 de dezembro de 2012, fui chamado por Dom Nelson para conversar com ele na residência episcopal. Ali, fiquei sabendo que seria transferido como administrador da paróquia Bom Jesus de Piraporinha. Aceitei prontamente. Para mim, não era uma missão, era um presente que o bispo me dava. Em mim havia um misto de sentimentos, pois estava muito feliz e ao mesmo tempo com certo receio, pois viria para continuar o trabalho do padre Ademir, que foi meu reitor durante, praticamente, todo o tempo de seminário e, além disso, tornou-se meu amigo. Tentei colocar-me no lugar dele, pois sabia o quanto ele amava essa paróquia.
Em janeiro de 2013, tive algumas conversas com o padre Ademir, para que ele me passasse as informações gerais sobre a administração e a pastoral da paróquia. Comecei a respirar um pouco, pois vi que a paróquia estava totalmente organizada, tanto do ponto de vista pastoral como administrativo (o que eu já esperava, pois conhecia o padre Ademir e seu trabalho).
Assumi a paróquia como Administrador Paroquial em 16 de fevereiro de 2013, dando-me a posse da paróquia o próprio padre Ademir, através de nomeação do bispo. Em abril do mesmo ano, assumi também o seminário de filosofia da nossa diocese. E, em 7 de março de 2015, Dom Nelson deu-me posse como pároco.
Nestes cinco anos em que estou à frente desta querida paróquia, só tenho a agradecer a Deus por fazer parte de sua história. A cada dia, me apaixono mais por esta comunidade, por este povo. Dificuldades? Sim, existem. Mas quando o povo está do nosso lado, fica mais fácil de superar.
Quero agradecer de coração todo o carinho, oração e ajuda que recebo de cada um de vocês. Assim como faço parte da história de vocês, vocês também fazem parte da minha história.
Uma benção especial para você e sua família.
Pe. Dayvid da Silva
Pároco.