Reunindo cardeais, arcebispos, bispos diocesanos e auxiliares, coadjutores, além dos bispos eméritos e representantes de organismos e pastorais da Igreja, a 58ª Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) teve início nesta segunda (12/04), pela primeira vez no formato online, destacando o Pilar da Palavra, proposto pelas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE 2019-2023) como tema central do encontro que prosseguirá durante as manhãs e tardes até a próxima sexta (16/04).
Participam do encontro, o bispo da Diocese de Santo André e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB, Dom Pedro Carlos Cipollini, e o coordenador de Comunicação da Diocese de Santo André e assessor da Comissão Episcopal para a Comunicação da CNBB, Pe. Tiago José Sibula da Silva.
O documento “Casas da Palavra – Animação bíblica da vida e da pastoral nas comunidades eclesiais missionárias” foi o ponto de partida da entrevista coletiva realizada no início da tarde deste dia de abertura da AGCNBB, com a acolhida do presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, aos bispos e jornalistas presentes e apoio da assessora de Comunicação da CNBB, Manuela Castro.
Tipos de terrenos para semear a Palavra de Deus
Neste sentido, o membro da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, Dom Armando Bucciol, sinaliza que a Palavra de Deus deve ser sempre mais desejada pelo povo. “O profeta Amós profetizava: virá um tempo em que o povo vai ter fome e sede de ouvir a Palavra do Senhor. E desejo junto com os irmãos bispo que isso de fato aconteça”, ressalta o bispo da Diocese de Livramento de Nossa Senhora (BA).
O liturgista, pastoralista e teólogo elenca diversos tipos de terrenos em que a palavra é semeada num importante capítulo do documento apresentado no dia de abertura. Conheça também ações da Diocese de Santo André que estão em sintonia com a Igreja no Brasil:
Homilias
“É necessário nós, como pastores, que tenhamos consciência da Palavra de Deus, na complexidade e na linguagem, na maneira de apresentar os conteúdos”
Recorde a homília de Dom Pedro Carlos Cipollini realizada no Domingo de Páscoa de 2021
Ação Missionária
“Somente evangelizadores apaixonados pelo evangelho poderão transformar o ministério em missão e se deixar iluminar, sustentar, queimar e morrer pelo zelo missionário”
Em nossa diocese, o COMIDI (Conselho Missionário Diocesano) realiza um grande trabalho nas comunidades do Grande ABC. Relembre algumas atividades do Mês Missionário em outubro de 2020
Iniciação à Vida Cristã
“Tornou-se um eixo articulador de muito trabalho em nossa Igreja Católica nos últimos anos. A palavra de Deus é fundamental para a iniciação à vida cristã”
Piedade popular
“A riqueza dos nossos povos é algo extraordinário, enorme. É um grande tesouro que a Igreja Católica possui. Encontramos junto com essas riquezas, também alguns limites da nossa evangelização”
Relembre a IV Edição da Festa das Nações realizada em 2019, na Diocese de Santo André
Famílias
A família é sujeito fundamental da ação missionária da Igreja, lugar por excelência onde a palavra de Deus deve ser escutada, acolhida, vivida e transmitida. Neste tempo de pandemia, muitas famílias redescobriram a palavra de Deus como alimento de fé esperança”
A igreja doméstica em tempos de Covid-19: uma realidade cada vez mais vivenciada na diocese
Juventude
“É um terreno prioritário. Os rostos diferentes reafirmam o empenho de trabalhar com jovens que vivem conectados, que buscam emoções fortes e fazem escolhas do momento. O Papa Francisco exorta os jovens a viverem em intimidade com Jesus. Que sejamos capazes de atender às exigências dos nossos jovens”
Recorde o último Domingo de Ramos do bispos com os Jovens, em 2019
Ecumenismo
“A importância do diálogo inter-religioso, a partir da Palavra de Deus. O Papa Francisco, em sua Fratelli Tutti, um grande mestre, de forma poética fala da música do evangelho, fonte da dignidade humana e fraternidade. “Se essa música deixar de tocar, teremos extinguido a melodia que nos desafia a lutar pela dignidade de cada homem”, diz o papa”
A Diocese de Santo André promoveu uma celebração na Semana de Oração Pela Unidade Cristã, em 2019
Comunicação
“Os meios de comunicação são poderosos instrumentos que se tornaram sempre mais espaços privilegiados de comunicação e da palavra, que logicamente exige conhecimento dos conteúdos. Por isso, nós como Igreja, precisamos continuar investindo na formação de quem usa esses meios”
Recorde as formações da Semana Diocesana de Comunicação, em 2019
Ministros ordenados
“O objetivo geral de todo processo formativo é cooperar na configuração a Jesus Cristo, por meio da palavra que nos apresenta o rosto de Cristo. A formação nunca termina, porque todos os que trabalham na Igreja devem se alimentar constantemente dessa palavra, como diz o Papa Francisco, “a Igreja em saída” Deus é sempre novidade e nos impele a partir, sem cessar, a nos mover, a ir além rumo às periferias e aos confins”
Conheça as Casas de Teologia e Filosofia que completaram 25 anos
Animação Bíblico-Catequética
O presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, Dom José Antônio Peruzzo, disse que o tema da palavra nunca será esgotado. Ele fez uma analogia ao exemplo de um jovem que escreve uma carta para a moça. “Quando uma moça recebia a carta de seu amado, ela beijava aquele texto. Beijava o papel, as letras desenhadas ou beijava o seu amado? A moça lê, relê o texto várias vezes, porque a palavra cria proximidade entre quem escreveu e quem lê”, afirma.
Dom Peruzzo ressalta que para nós, cristãos, a Palavra é a ternura de Deus que se tornou letra. “Então, queremos partilhá-la. É constitutivo da nossa fé partilhar aquilo que cremos e reconhecemos como fonte de vida”, ao falar da retomada do documento 97 da CNBB (Iniciação à Vida Cristã) adaptado para as novas realidades e transformações sociais e culturais.
“É sempre inovador e criativo acolher a Palavra de Deus. A evangelização se torna sempre atualizada. Tinha um professor que dizia: se não há algo a mais para dizer, fale da bíblia. Ela nunca sairá de moda”, constata o arcebispo da Arquidiocese de Curitiba (PR).
Evangelização e inclusão
Presidente do Regional Nordeste 2 da CNBB, Dom Paulo Jackson destacou a AGCNBB como uma grande experiência de colegialidade, sinodalidade e reencontro, do ponto de vista da partilha da palavra, que é o próprio Jesus Cristo entre nós.
“A partir da Dei Verbum (1965), que foi documento do Concílio Vaticano II (1962-1965), constituição dogmática de grande importância que aborda a Palavra de Deus, surgiu um movimento bíblico de caráter popular, com inúmeros grupos de leitura orante, o CEBI (Centro de Estudos Bíblicos). Então, nós temos uma larga experiência de trabalho bíblico, seja na vida de estudo, seja na linha da mística e da oração, da pregação e da missionariedade”, recorda Dom Paulo,
Tendo como ponto de partida o evangelho de Mateus 13, à luz da parábola do semeador convida à reflexão sobre a animação bíblica da vida e da pastoral, que não significa somente fazer atividades e estudos sobre a bíblia, mas a vida inteira da pessoa e das comunidades eclesiais e missionárias, e também a própria pastoral e missionariedade, animados pela força da Palavra de Deus.
“Somos convidados a refletir sobre o processo de iniciação à vida cristã, processo catecumenal, processo de inserção de uma comunidade eclesial. Todo esse processo envolvido, gerido, incentivado pela força da palavra”,reforça.
Os desafios ao semeador são muitos. Um dos capítulos trata do acesso à Palavra de Deus, por motivos financeiros, do analfabetismo ou por algum tipo de deficiência. “Estamos propondo um grande movimento do uso do sistema Libras (Língua Brasileira de Sinais) e a utilização do Braille”, salienta o bispo da Diocese de Garanhuns (PE).
Conheça o ABC Litúrgico em Braille
A tradução do livro das Sagradas Escrituras às tribos indígenas, a ausência de primeiro anúncio querigmático, o fundamentalismo, a teologia da prosperidade, a situação da extrema pobreza, da violência institucionalizada e a globalização da indiferença também são outros desafiadores para a Igreja.
“A Bíblia deve provocar grandes sentimentos e ações nobres. Ações que, de fato, provoquem mudanças estruturais na sociedade para que o mundo seja mais parecido com aquilo que Deus Palavra deseja no meio de nós”, finaliza Dom Paulo.
Fonte e foto: Assessoria de Comunicação da Diocese de Santo André
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Source: Diocese