O bispo da Diocese de Santo André e presidente da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Pedro Carlos Cipollini, concedeu nesta sexta-feira (30/07), entrevista ao jornal JCTV da Rede Vida para falar do lançamento do novo subsídio elaborado pela Comissão para a Doutrina da Fé: Vida, Dom e Compromisso – Fé cristã e aborto, o 13º volume da Coleção de Subsídios Doutrinais editado pela Edições CNBB.
Assista a entrevista, na íntegra:
Na conversa com o jornalista Paulo Júnior, Dom Pedro revelou que a motivação para a produção do material teve como objetivo trazer o posicionamento da Igreja em relação ao tema e uma palavra sobre o aborto, a partir da ética cristã que brota do evangelho de Jesus Cristo, portanto, da fé cristã, a fim de que os bispos, todo o clero e todos os leigos tenham em mãos um subsidio que sintetize a doutrina e a resposta da Igreja a esse assunto.
“A Igreja deve dar uma resposta, pois ela tem que anunciar o evangelho da vida, como dizia São João Paulo II: o evangelho da vida está no centro da mensagem de Jesus”, salienta. “Então, amorosamente acolhido esse evangelho da vida faz com que a Igreja promova a vida humana. Evangelizar é promover a vida como diz Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida e vida plenamente” (Jo 10,10). E nada do que é humano está alheio a Igreja, as dores, a alegria, a esperança e a morte, principalmente dos inocentes nascituros que tem direito à vida”, prossegue o bispo.
De acordo com Dom Pedro, a questão do aborto não é primeiramente religiosa, mas sim antropológica, da vida do ser humano que está ameaçada, porque muitos países têm realizado a legalização do prática do aborto planejado. “Perguntamos, então, se é justo eliminar uma vida. Matar quem tem direito a nascer? Em nossa cultura vai avançando a questão da legalização do aborto e o Papa Francisco denuncia que, na raiz do desrespeito à vida, está uma crise antropológica, onde a vida cada vez mais perde o seu valor”, alerta.
Concílio Vaticano II
O bispo ainda recordou a declaração sobre o aborto provocado, publicada pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, ao mencionar que o II Concílio do Vaticano (1962-1965), presidido pelo Santo Padre Paulo VI, condenou muito severamente o aborto: “A vida deve ser defendida com extremos cuidados, desde a concepção: o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis”. O mesmo Santo Padre Paulo VI, ao falar, por diversas vezes, deste assunto, não teve receio de declarar que a doutrina da Igreja ” não mudou; e mais, que ela é imutável.”
“Esse documento frisa o valor da vida humana num mundo onde prevalece o valor do econômico, dos projetos que não visam em primeiro lugar o bem da pessoa, mas visam o lucro. O aborto não é um mal menor num contexto mundial do planejamento sobre a vida”, enfatiza Dom Pedro, ao relembrar reflexão do Santo Padre sobre o tema.
“O aborto não é um mal menor. É um crime. É matar um para salvar outro. É o que a máfia faz. É um crime, é um mal absoluto”. “O aborto não é um problema teológico: é um problema humano, (…) É contra o Juramento de Hipócrates que os médicos devem fazer. É um mal em si mesmo, mas não é um mal religioso, no início, não, é um mal humano”, disse o Papa Francisco, durante o voo de volta do México para Roma, em 17 de fevereiro de 2016.
Composição e trabalhos da Comissão
A Comissão para a Doutrina da Fé da CNBB é presidida pelo bispo de Santo André (SP), Dom Pedro Carlos Cipollini. Dom Leomar Antônio Brustolin, bispo auxiliar de Porto Alegre (RS), Dom Pedro Cunha Cruz, bispo de Campanha (MG), dom Luiz Antônio Ricci, bispo de Nova Friburgo (RJ) e Dom Carlos Alberto Breis Pereira, bispo de Juazeiro (BA) também integram a comissão, que tem como assessor o padre Luiz Henrique Brandão de Figueiredo, atualmente professor de Teologia Moral na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e Leitor de Sacra Teologia no Institutum Sapientiae da Ordem dos Cônegos regulares da Santa Cruz, em Anápolis (GO). Também é reitor do seminário menor São João Paulo 2º e dirige o Colégio Família de Nazaré, ambos da arquidiocese de Goiânia (GO).
Dom Pedro, que foi reeleito presidente da comissão para um novo quadriênio (2019-2023), coordena os trabalhos que tem como incumbência assistir à CNBB e aos seus membros no exercício do magistério doutrinal, zelar pela fidelidade da Doutrina da Igreja e pela integridade de sua transmissão. Cabe-lhe também promover a inteligência da fé, ou seja, a reflexão teológica, de modo que esta possa responder adequadamente aos questionamentos e desafios atuais.
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Source: Diocese