Nasceu Doroteia em Cesareia da Capadócia. Seus pais foram martirizados. Vivia a jovem virgem em jejum e oração, atraindo sempre a afeição dos que eram testemunhas de sua humildade, de sua doçura, de sua prudência e de outras virtudes suas. De educação esmerada, aliava à riqueza invejáveis dotes não só sobrenaturais, como também naturais.
O governador Fabrício recebeu ordens imperiais para exterminar a religião cristã. Uma das primeiras vítimas foi Doroteia. Embora pouco aparecesse em público, era verdadeira apóstola de Cristo, pela atividade que desenvolvia entre os cristãos, animando-os à constância na luta contra os perseguidores. Denunciada, Doroteia foi intimada, perante o governador, a sacrificar aos deuses. O interrogatório não foi longe; Fabrício, convencido de que a jovem não sacrificaria aos deuses, e grandemente irritado com suas respostas, ordenou que fosse estendida no cavalete. “É inútil contemporizar, disse Doroteia, tenho pressa de chegar a Jesus, meu Senhor, que me chamou à sequela de seus santos”. Fabrício então mandou esbofeteá-la; vendo, depois, que ela continuava a manifestar a sua alegria, formulou assim a sentença: “Ordenamos que Doroteia, jovem repleta de orgulho, que recusou sacrificar aos deuses imortais e conservar assim a sua vida, desejosa de morrer por um homem chamado Jesus Cristo, morra à espada”.
Então Doroteia saiu do pretório. Um dos advogados, chamado Teófilo, espírito folgazão, à sua passagem lhe disse: “Doroteia, esposa de Cristo, envia-me do jardim de teu Esposo frutos ou rosas”. Disse-o em tom de brincadeira, mas ela respondeu seriamente: “Crê de todo o coração no Deus por cujo nome sofro tudo isto, e te enviarei o que pedes”. Chegando ao lugar do martírio, pediu aos carrascos uns instantes para rezar, e percebendo na multidão um menino de seis anos, chamou-o, entregou em suas mãos o lenço com que enxugara o rosto, dizendo: “Toma este lenço, vai à casa do governador, pede para falar com Teófilo, o advogado, e lhe entrega da minha parte este lenço, dizendo: ‘Doroteia, a serva do Senhor, te envia frutos do jardim do Cristo, seu Esposo e Filho de Deus, conforme teu pedido’ ”.
O menino entregou-lho justamente na hora em que Doroteia foi decapitada. Teófilo, pegando entre as mãos o lenço, começou logo a dar graças a Deus. Seus companheiros tentaram fazê-lo calar e um foi dar parte ao governador.
Fabrício mandou vir Teófilo à sua presença e o interrogou, lembrando-lhe como perseguira os que professavam esse nome, que ele agora confessava. “É verdade, diz Teófilo, que ofereci sacrifícios aos deuses; mas reconheço agora que são vãs divindades; desprezo-os e creio no Deus vivo; jamais viveram’’. Estendido no cavalete, não proferiu nenhum gemido; condenado à decapitação, foi alegre para o suplício.
O episódio da conversão de Teófilo inspirou os artistas medievais: Doroteia, sentada aos pés da Virgem Maria tendo ao colo o Menino Jesus; Doroteia tem numa mão um feixe de margaridas, na outra uma cesta cheia de flores e frutos. A cabeça está coroada de rosas. Em outras representações, a cesta está nas mãos de um anjo encarregado de levá-la a Teófilo, estando o mensageiro ao lado direito da Santa.
Doroteia é a santa das flores e faz parte daquela florescência de jovens que, com a sua virgindade e com a sua graça, perfumaram o cristianismo primitivo.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
FONTE: PAULUS
Source: Igreja no Mundo