A Igreja Católica, a pedido do Papa Francisco, deu início à maior consulta aos fiéis de sua história. A proposta é que todas as dioceses façam uma intermediação entre católicos e o Vaticano como forma de preparação para o Sínodo dos Bispos marcado para acontecer em outubro de 2023, no Vaticano.
E incentivados pelo papa Francisco e pelo 8° Plano Diocesano de Pastoral, seguindo sempre o caminho em ser uma igreja em saída, acolhedora e missionária, nossa diocese se preparou desde a missa de abertura da etapa diocesana que aconteceu em 20 de outubro de 2021, tendo finalizado a elaboração da síntese diocesano no dia 30 de julho, em uma missa celebrativa com a presença dos padres e representantes paroquiais.
A celebração foi presidida pelo vigário geral Padre Joel Nery, pois o bispo diocesano estava celebrando a missa de abertura do Encontro Diocesano dos Coroinhas e Cerimoniários que aconteceu no mesmo dia; Padre Everton Gonçalves (Vigário Episcopal para Pastoral), Padre Ryan Holke, MIPK (Vigário Episcopal para Caridade Social) e aproximadamente 200 pessoas, entre padres, seminaristas, religiosos e religiosas.
Experiência em comunidade do processo de escuta
Seguindo a premissa da escuta que o papa propôs, logo após a saudação inicial dois representantes dos leigos trouxeram seu testemunho sobre a experiência vivida:
Patrick Duarte, da Paróquia Nossa Senhora da Candelária (Região Pastoral São Caetano do Sul), também testemunhou sobre a experiência no processo de escuta: “Embora houvesse, em alguns lugares, pouca participação ou pouco interesse, as reuniões foram ocasiões de respeito, aprendizado, interação, partilha e escuta, plasmadas pelo sentimento de alegria e surpresa por poderem ser ouvidos, entusiasmo e esperança nesse processo renovado de participação. Alguns assuntos mais delicados geraram entre os participantes diferentes pontos de vista. A própria experiência de partilha de ideias foi apontada em si como fruto do Espírito nesse processo, gerando sentimento de pertença, autoestima e acolhimento, valorização dos agentes de pastoral e a esperança de haver sempre canais de escuta e partilha de forma a fortalecer a Pastoral de Conjunto.”
Ouvir os apelos do Senhor para criar comunhão
Recordando o batismo de cada fiel, após os testemunhos, Padre Joel Nery e o vigário para Pastoral, Padre Everton Gonçalves aspergiram todos os presentes, para que permaneçam fiéis ao Espírito Santo, recebido pelas águas do batismo.
Após as leituras escolhidas para a santa missa, Padre Joel inicia a homilia lembrando das etapas vividas do Sínodo dos Bispos, e ressaltou que desde a sua criação, há 50 anos atrás, é um organismo de auxílio ao papa no governo da igreja, no trilhar os rumos a luz da palavra de Deus.
“Em tempos de difícil diálogo, nós escutamos o evangelho de Jesus Cristo, lembrando a necessidade de colocarmo-nos em acordo em nome do Senhor, reunidos quando houver desacordos, conflitos ou questões a serem pensadas juntos. O Sínodo dos Bispos, esse organismo proposto, desde o ano passado, convocados a fazer esse longo caminho mundial, de sentar juntos, não só bispos, e agora estamos aqui juntos com todos aqueles que representam a igreja do mundo inteiro. Cada paróquia, movimento e associações se reuniram para fazer o que palavra nos trouxe, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estarei”, citou o vigário geral.
Após a homilia, Padre Everton e a secretária do Centro Pastoral, Mércia Ferreira, relataram o caminho trilhado pela diocese até o momento da celebração, dizendo que a síntese que já foi enviada à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), será entrega a cada um dos representantes, para que levem as suas paróquias.
Como SOMBRAS, foram destacadas a questão da linguagem pouco acolhedora com relação a minorias (idosos, pessoas com deficiência, pobres, migrantes…); falta de membros para as pastorais e pouca abertura e acolhimento de novos que chegam; escassez de padres, um certo individualismo nos relacionamentos; muitos que se encontram afastados; crescimento de denominações religiosas distanciadas do Evangelho; pouco espaço para a juventude; coordenações de pastorais que tem longa permanência na função e de outros que se sentem donos das pastorais e por outro lado outra inconstância na permanência de lideranças. Foi levantada também a questão dos desafios das mudanças de época, onde foi identificado o distanciamento entre a realidade e as ações da Igreja, ficando sempre um saudosismo do passado. O clericalismo que foi caracterizado por atitudes de tolhimento, represálias, por decisões impostas por parte de membros da hierarquia e pela falta liberdade dos leigos em expressar aberta e corajosamente suas ideias. A falta de informação e ruídos na comunicação também foi apresentada como sombras, assim como a falta de conhecimento bíblico, litúrgicas e doutrinais. Por fim, e não menos importante, a grande maioria das paróquias destacaram os efeitos prejudiciais da pandemia.
Foi destacado como LUZES a confiança de grande parte das pessoas na Igreja enquanto instituição; pessoas nas comunidades que manifestam empatia, paciência, humildade, diálogo, fraternidade, compreensão e respeito, atuando com comprometimento e criatividade pastoral. As instâncias de participação no governo da Igreja, o Sínodo Diocesano, a proximidade entre o padre e paroquianos, os pequenos núcleos de vivência da fé, assim como os veículos de comunicação colocados a serviço da evangelização foram apontados como luzes em nossa Diocese. O Vicariato da Caridade também teve destaque enquanto resposta ao drama crescente da pobreza. Muitos grupos destacaram como luz o senso de fé dos fiéis, que os mantêm animados mesmo em meio a dificuldades.
Muitas pistas de ações foram inspiradas pelo Espírito Santo durante o processo e foram trazidas nas sínteses paroquiais:
- Abrir-se à formação que promove o crescimento:
- Convite para novos fiéis participarem da vida da Comunidade
- Empatia, ir ao encontro dos afastados
- Reorganizar a rotina administrativa dos pastores, para que estejam mais disponíveis ao atendimento pastoral
- Novas iniciativas de abordagem às pessoas para anúncio da fé
- Prudência e espera para colheitas dos frutos, que não são imediatos
- Buscar a união nas comunidades
- Ter consciência e atitudes missionárias, fortalecendo a dimensão missionária
- Formação para o acolhimento em todas as esferas da Igreja
- Valorizar a participação dos jovens com ações direcionadas, formação e inserção nas ações da igreja
- Buscar sempre agir com humildade e em posição de escuta e diálogo
- Organizar momentos que permita ao povo viver a espiritualidade
- Organizar momentos formativos nas paróquias, regiões e diocese
- Rever calendários para evitar o ativismo
- Criação de espaços de escuta em níveis paroquiais e diocesanos
- Incentivo à criação de pequenos grupos para partilha da Palavra
- Organizar momentos de confraternização entre os agentes de pastoral
- Fazer uso efetivo dos meios de comunicação
- Divulgar e fortalecer os Conselhos existentes na Igreja
- Engajar as mulheres nos espaços deliberativos e administrativos da Igreja
Já se encaminhando para o final da celebração, em atitude de ação de graças e disponibilidade, a Síntese Diocesana foi entregue aos representantes das paróquias pelas mãos dos padres coordenadores das regiões pastorais, sendo um sinal de comprometimento em ser sempre uma Igreja Sinodal.
Você pode ler o documento da Síntese Diocesana clicando aqui e assistir a celebração em nosso canal do Youtube.
Source: Diocese