No dia 11 de outubro comemoramos os 60 anos da data memorável, quando o papa João XXIII deu abertura solenemente ao Concílio Ecumênico Vaticano II, em meio à grande alegria, movimentação e curiosidade de todos diante de um importante evento da
História da Igreja. No discurso de abertura, João XXIII deixa bem claro qual será o objetivo do concílio: “retomar a doutrina da Igreja, recebida de Cristo, e expô-la numa linguagem nova, mais inteligível aos homens de hoje, mais de acordo com as exigências atuais. Dar roupagem nova a uma doutrina antiga. Ir ao encontro do homem atual”. Percebe-se que o objetivo central do concílio será pastoral e de fato irá causar uma “revolução” na vida da Igreja.
João XXIII foi eleito Papa em 1958, sendo considerado inicialmente um papa de transição, mas que ao convocar o concílio gerou essa renovação na Igreja em sua relação com o mundo moderno. Devido à sua bondade, simpatia, sorriso e simplicidade, João
XXIII era aclamado mundialmente como o “Papa bom”. Mesmo assim, alguns grupos acusavam-no de se radical esquerdista e herege modernista por ter convocado o Concílio e promovido a liberdade religiosa e o ecumenismo.
Um dos discursos mais célebres do Papa João XXIII é o chamado “Discurso da Lua”. Na noite de 11 de outubro de 1962, na abertura do Concílio, a Praça de São Pedro estava lotada de fiéis que, ainda que não compreendessem a fundo as mudanças teológicas e pastorais do acontecimento, percebiam a sua força histórica, sua importância e as dificuldades que surgiriam. João XXIII saiu para ver os fiéis e dirigiu-lhes palavras simples e amáveis: “Poderíamos dizer que até a Lua se antecipou esta noite… Observem-na, lá no alto, está a olhar para este espetáculo […]. A minha pessoa nada vale: é um irmão que fala para vocês, um irmão que virou pai por vontade de Nosso Senhor. Vamos continuar a querer bem um ao outro […]. Voltando para casa, encontrarão
as crianças. Deem a elas um carinho e digam: ‘Este é o carinho do Papa’. Talvez as encontreis com alguma lágrima por enxugar. Tende uma palavra de consolo para aqueles que sofrem. Saibam os aflitos que o Papa está com os seus filhos, sobretudo nas horas de tristeza e de amargura. E depois todos juntos vamos amar-nos uns aos outros, […] sempre cheio de confiança em Cristo
que nos ajuda e nos escuta”.
João XXIII faleceu de câncer no estômago, após longa luta contra tal enfermidade, em 1963, não chegando por isso a encerrar o Concílio Vaticano II. Na sua beatificação, João Paulo II afirmou: “do Papa João permanece na memória de todos a imagem de
um rosto sorridente e de dois braços abertos num abraço ao mundo inteiro”.
Foi canonizado em 2014 pelo Papa Francisco e a sua festa litúrgica é celebrada no dia 11 de outubro, para lembrar a abertura do Concílio. Que São João XXIII nos ajude a conhecer e saborear os frutos deste evento tão bonito acontecido no seio da Igreja há 60 anos, ajudando-nos a ser a tão sonhada Igreja acolhedora e em saída que o papa Francisco nos propõe.
Pe. Everton Gonçalves Costa
(Vigário Episcopal para a Pastoral – Paróquia Sagrada Família / Região SBC Anchieta)
Source: Diocese