Missa do dia de Natal
(Jo 1,1-18)
Prezados irmãos e irmãs. É Natal! Temos a alegria de celebrar este mistério profundo do amor de Deus: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós”. É o mistério da Encarnação que celebramos neste dia. Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho único.
As primeiras duas missas de Natal (Noite e Manhã), nos relatam os eventos que envolvem o nascimento do menino Jesus: A gruta, a manjedoura, os anjos e os pastores. Somos convidados a contemplar e meditar a profundidade destes eventos tão maravilhosos na sua simplicidade.
O menino nasce em meio à noite escura. Os anjos envoltos em luz anunciam aos pastores seu nascimento. O menino é envolto em faixas (lembram os lençóis-mortalha que envolveram o corpo de Jesus descido da cruz) colocado na manjedoura (lembra a própria cruz). Preanuncia-se assim a doação total de Jesus por nós entregando a própria vida.
Nestas narrativas não se fala da dimensão divina de Jesus e nem da revelação. No Evangelho, porém, agora proclamado nesta missa do dia de Natal, nos é revelado quem é este menino que nasceu pobre em meio aos pobres, na maior simplicidade. O evangelista João nos apresenta Jesus, a Palavra eterna, o Verbo do Pai. O Filho de Deus: gerado, não criado. Tudo no presépio nos fala através do silêncio e da luz que emana desta noite silenciosa.
O recém-nascido, pobre e frágil é o Verbo de Deus, a Palavra de Deus por excelência. Jesus não é uma criatura, Ele é o Criador. Por meio Dele tudo foi feito e criado. Ele sempre existiu e na criação agiu com o Pai. O próprio Jesus realiza todos os sinais e milagres através da sua palavra.
Para fazer compreender a dignidade do menino que é a Palavra poderosa de Deus, o Evangelista inicia o Evangelho de forma solene: “No princípio era o Verbo…” Devemos compreender a existência de uma pessoa divina, que é igual a Deus, que lhe dá expressão humana e que tudo santifica. Por meio deste menino, Jesus Cristo, Deus criou tudo, e agora, quer salvar tudo fazendo uma nova criação, redimida pela graça.
Jesus é a Palavra de Deus, o Filho de Deus, perfeita revelação do Pai: “quem me vê, vê o Pai”. E nós o vemos hoje com os olhos da fé, alí, na manjedoura…A Palavra eterna e poderosa de Deus se manifesta em um menino que não pode falar, mas Deus hoje quer nos falar mais com os gestos, com os acontecimentos, do que com palavras. Isto porque o próprio nascimento de Jesus, e Ele mesmo revela Deus mais do que qualquer palavra.
Jesus tem a força de realizar em nós a salvação, dando-nos a paz, a ternura divina, exprimindo o amor do Pai para conosco. Em Jesus temos a graça (misericórdia) e a verdade (amor de Deus).
Em Jesus a esperança inicia-se e é garantida, pois Deus nunca abandonou a humanidade e em Jesus manifesta-se o “esplendor da glória do Pai”. Ele é a consolação nos sofrimentos e a segurança de que amanhã será melhor, já que Deus entrou na história e caminha conosco.
A partir de Belém, Deus introduz no mundo a salvação, indicando de que lado ele está: do lado dos pobres. É a partir desta bem-aventurança dos pobres, puros e pacíficos que o mundo será redimido e a maldade derrotada para sempre.
Celebremos o Natal com gratidão. Com esta gratidão contemplemos em silêncio tão grande mistério que na sua simplicidade extrema derruba o mundo do pecado e introduz no mundo a vitória da graça. De fato, onde abundou o pecado, superabundou a graça.
“Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade, ao que são amados por Deus”.
Amém
Dom Pedro Carlos Cipollini
Source: Diocese