A resistência da árvore não está na grossura do tronco, mas na profundidade da raiz. Assim, é a perseverança na vivência existencial de cada dia, segundo o Evangelho. Sem profundidade ninguém persevera. Na superficialidade o que existe muitas vezes é a expressão da vulgaridade.
A sensibilidade humana pode ser manipulada, aqui reside o início de duas realidades ruins: o fanatismo e o fundamentalismo. O resgate de qualquer pessoa, nestas situações, é muito complexo. No tempo presente, tais realidades estão marcando nosso mundo. Os extremismos estão na moda. Esta mentalidade penetra também a comunidade de fé. Começam a aparecer pequenas “seitas” dentro da comunidade, sem romper claramente com a unidade, mas em flagrante contraste entre si.
A perseverança na prática do mandamento do amor, máximo ensinamento de Cristo, exige: uma vida de busca sincera de entendimento, uma espiritualidade saudável, e sobretudo bom senso. O líder ignorante é geralmente fanático, incapaz de diálogo e inseguro, por isso tende a usar de violência. Parte para os extremos. A ignorância é a mãe do fanatismo e um grande embaraço na busca da felicidade, da santidade.
É preciso evangelizar a religiosidade, aprimorando seus pontos positivos e evitando a dualidade de vida. As raízes oferecem a sustentação para a árvore, entretanto, precisam crescer e se firmar sempre, ou seja, cultura não ocupa lugar e nem pesa. Na espiritualidade cristã o conhecimento deve se aprofundar, exigência natural para que se possa dar as razões da própria fé.
Hoje, tornou-se comum pessoas sem reparo se arvorarem em mestres dos outros e conseguirem seguidores nas redes sociais. Em todos os campos, não só no religioso, mas na política, na cultura etc. Ensinam o que convém, e o que vem à cabeça. Atualmente, também, os movimentos de igreja (no geral) são tentados a caminhar para os extremos, alguns para a direita e outros para a esquerda, acabam trocando a fé por ideologia. A referência deixa de ser Jesus Cristo, passando a ser o líder histórico da respectiva tendência ideológica. Jesus vai ficando de lado.
Assim começam a surgir “cristãos ateus”. Ou melhor, cristãos sem Igreja, mas com seu movimento ou grupo, que toma o lugar da comunidade eclesial em sua vida. Na sociedade também existem grupos de interesse comandados por ideologias. Estes grupos não têm Pátria nem almejam o bem comum, mas interesses grupais e pessoais tendo como meta não raro o lucro.
Assim, faz-se necessário, na igreja, investir na catequese para não precisarmos no futuro de tais movimentos, cujo objetivo último é reavivar a fé e o entusiasmo dos fiéis. Deve-se levar em conta que somente estão no caminho correto e são leais aqueles que aceitam viver em comunhão com todos, abertos ao diálogo e buscando a unidade na diversidade. Na sociedade é urgente melhorar a educação em todos os níveis.
É preciso formar as consciências para superar o individualismo. A comunhão com todos, o comunitário, o bem comum, constrói a Nação. Na Igreja, comunidade de fé, constrói a comunhão com Deus e os irmãos. O individualismo não pode vencer com base no relativismo, o qual diz ser bom o que convém a cada um e não o que convém a todos.
A luz de milhões de velas não é maior que a luz de um único sol. Assim a Verdade revelada é como o sol. É maior que a infinidade de opiniões que desejam substituir o ensinamento revelado por Deus em Jesus Cristo, o qual é Caminho, a Verdade e a Vida.
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