Hoje, se coloca a questão da autoridade. Quem é autoridade em uma realidade, na qual todos emitem opiniões e sentenças, se reivindicam mais direitos que deveres, e o individualismo tomou conta de quase tudo? Mais que identificar a autoridade, pergunta-se sobre a necessidade de ter autoridade, em uma sociedade que vê com maus olhos a posição de chefia. Maus tempos para quem deve exercer a autoridade em qualquer lugar e circunstância, já que nenhuma sociedade subsiste sem autoridade.
A palavra autoridade deriva do latim e quer indicar aquele ou aquela que em um grupo tem a função de fazer os outros se desenvolver, crescer, “virem para o alto”. A degeneração deste conceito primeiro de autoridade é o autoritarismo, quando se entende autoridade somente como mando e desmando. Ao entender a autoridade desta forma, geralmente, é porque ela é fraca e a pessoa que a exerce é incompetente, pois, a razão é a primeira autoridade e a autoridade a última razão.
Um escritor e historiador italiano, Cesare Cantù, deixou escrito: “Chefe deve ser aquele que vence os demais em virtude, habilidade e saber, que usa o poder sem consideração pelo seu próprio proveito e comodidade. Os poderes políticos cabem a quem é mais capaz de impor a lei comum da sociedade, isto é, a justiça, a razão e a verdade”.
É belo e verdadeiro o conceito cristão de autoridade, entendido como serviço ao bem de todos, ao bem comum, como vem expresso no Catecismo da Igreja Católica: “incumbe àqueles que exercem cargos de autoridade garantir os valores que atraem a confiança dos membros do grupo e os incitam a colocar-se ao serviço dos seus semelhantes. Aqueles que exercem alguma autoridade devem exercê-la como quem presta um serviço: ‘Quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês’(Mt 20,25)”(cf. n. 1917).
Jesus Cristo ensinou a necessidade de ser humilde. Aos que exercem a autoridade, a necessidade de, além da humildade, amar a verdade e ter abnegação. Convida a fazer dos primeiros postos, um posto de serviço para elevar os outros. O posto de liderança é antes de tudo um local de serviço a todos e não a si mesmo ou a um pequeno grupo.
Quando os conflitos se avolumam na luta pelo poder, o que geralmente se percebe é que o interesse maior não é servir ao próximo, mas é manifestação de uma luta invisível, travada no interior da própria pessoa externando-se em luta pelo poder. Imagina-se que o poder pelo poder pode resolver os conflitos internos da pessoa. O poder pelo poder frustra, porque é como droga: dá força, mas embaralha a vista, fazendo com que se perca o rumo.
Encontramos todo tipo de autoridade ou dirigente em nossas organizações, em nossa sociedade: os preparados e os despreparados, os vaidosos e os simples, os prepotentes e os realistas, os santos e os pecadores, os agregadores e os desagregadores, os do bem e os do mal… O certo é que todos são substituíveis, pois nenhuma autoridade é insubstituível, exceto a autoridade de Deus. Para conferir é só visitar os cemitérios.
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