Queridos irmãos e irmãs, que Deus abençoe a cada um de vocês, seus familiares e, especialmente os que se encontram enfermos e com qualquer outra necessidade especial.
Estamos vivendo o tempo da quaresma, um tempo forte na vida da Igreja. Tempo que nos pede maior reflexão sobre nossa vida cristã e que nos convida diariamente à conversão. Este tempo quaresmal vai nos conduzindo para a semana maior de nossa fé: a Semana Santa.
Dizemos que a Semana Santa é a semana maior porque, nela, celebramos o centro da fé cristã: o tríduo pascal (Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo). Esta semana se inicia com o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, que antecede o domingo da páscoa. Antigamente, a paixão do Senhor já era celebrada no domingo anterior à pascoa e, mesmo se tendo introduzido uma celebração própria da Paixão na Sexta-feira Santa, a liturgia preservou essa característica na liturgia do Domingo de Ramos. Esta liturgia de Ramos comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, a cidade do Messias, o ungido de Deus. De fato, quando Jesus entra na cidade, ele é acolhido aos gritos de Hosana ao filho de Davi. Bendito o que vem em nome do Senhor, Hosana nas alturas (Mt 21,9). Estes gritos são o reconhecimento por parte do povo de que Jesus é o enviado de Deus.
Entretanto, os poderes políticos e religiosos da época logo arrumaram um jeito de acusar Jesus de blasfêmia e de agitação contra Cesar, o imperador. Conduzindo muitos dos que o acolheram a rejeitarem-no agora, trocando o Hosana por Crucifica-o (Mt 27,22).
Percebemos, portanto, irmãs e irmãos, que a espiritualidade da Semana Santa se inicia coma grande euforia da acolhida de Jesus em Jerusalém, mas logo encontra o seu momento dramático. Como esquecer as palavras: “um de vós vai me trair” (Mt 26,21)? Palavras ditas em outro momento especial, o da última ceia, onde Jesus institui a Eucaristia e o Sacerdócio Ministerial. Ou, ainda, o drama da noite tenebrosa no jardim das Oliveiras e, mais ainda, aquela manhã de sexta-feira, em que foi acusado injustamente por seus adversários, conduzindo-o à cruz.
O que nos consola é que a tristeza vivida na sexta-feira será aniquilada pela alegria da ressurreição, já celebrada na vigília pascal. A morte não tem a última palavra, a cruz torna-se não mais sinal de maldição, mas de salvação.
É importante, irmãs e irmãos, que possamos realmente sentir a espiritualidade de cada dia dessa semana sagrada, para entrarmos realmente no mistério pascal. Não passemos pela semana santa como se fosse mais uma semana no calendário, pois, para nós, não é. Se o dia pede uma maior reflexão, vivamos esse momento; se pede maior alegria, alegremo-nos, e no final poderemos dizer que vivemos com Cristo cada dia dessa semana.
Pe. Dayvid da Silva
Pároco