Estamos em uma época de desenvolvimento muito grande. A tecnologia impulsionou um progresso como nunca houve. Aumentou o tempo de vida das pessoas, porém, a morte está presente como nunca, em uma situação na qual estamos em uma “terceira guerra mundial em pedaços”.
Basta pensarmos na terrível situação do conflito existente hoje na Terra Santa, no qual são mortos centenas de pessoas toda semana. Também a violência faz muitas vítimas entre nós. A morte está presente todos os dias, em especial entre os pobres, em uma sociedade que poderia reduzi-la ao mínimo.
Neste dia em que a Igreja celebra os fiéis defuntos, nossa sociedade também se recorda dos mortos. Recordamos a Deus aqueles que terminaram sua peregrinação terrena, em especial as muitas vítimas da miséria e injustiça presentes no mundo.
Com suas orações a Igreja exprime sua dor, mas também sua esperança e confiança na vida que não é tirada, mas transformada. Na fé cristã, não há lugar para o desespero diante da morte, porque ela não é o fim de tudo mas é como uma porta que se abre para a vida eterna.
A morte para o cristão está ligada ao Mistério Pascal de Cristo, especialmente, à ressurreição final com Ele, que é o primeiro dos ressuscitados. Ressurreição é a transformação daquele que morre, naquele que ele deve ser, como Deus o projetou, com um “corpo espiritual e imortal” (cf. 1Cor 15,39-43).
Neste dia, rezamos para que todos os que foram incorporados a Cristo, pelo batismo, passem da morte à vida e, devidamente purificados, possam ser acolhidos entre os santos na eternidade.
A comemoração dos fiéis defuntos aparece no calendário romano no século IX, baseada na tradição dos povos celtas de dedicar um dia para rezar pelos mortos. O Concílio Vaticano II põe em relevo o caráter pascal da morte para o cristão (cf. S.C. §1). Desta maneira as orações pelos falecidos, embora repletas de saudade e muitas vezes de dor, são feitas no clima de esperança: “Quem crer em mim não morrerá jamais” (Jo 11, 25-26), disse Jesus.
Coloquemos hoje, diante de Deus, nossas lembranças e orações pelos falecidos, em especial as muitas vítimas da Covid-19. Recordamos em seguida das crianças, muitas das quais mortas antes de nascer. Também os jovens que são mortos em grande número, não só nas guerras, mas também aqui no nosso país. Diante de Deus coloquemos todos os falecidos, em especial os idosos que, cada vez mais, veem diminuir seu espaço na sociedade, sendo que em muitos países já se adota a morte assistida para doentes terminais ou a eutanásia.
Consolemos uns aos outros com as palavras da fé, conforme disse Santa Terezinha ao ser indagada como via sua morte que se aproximava: “não morro entro na vida!” Enfim, a fé nos ensina que a última palavra não é da morte, mas da vida.
The post A última palavra é da vida first appeared on Diocese de Santo André.
Source: Diocese