Histórias de conversão, o 8º Plano Diocesano de Pastoral em ação e as portas abertas para o retorno à Casa de Deus! Foi um pouco da experiência que a Diocese de Santo André viveu na tarde de sábado (07/08), ao acolher dois casais que retomaram formalmente a comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana, mediante a realização da profissão de fé e a convalidação do matrimônio, efetuadas na celebração eucarística presidida pelo Pe. Vinícius Ferreira Afonso, testemunhada por fiéis presentes na Paróquia Jesus Bom Pastor, no Jardim Bom Pastor, em Santo André.
A cerimônia de convalidação do matrimônio ocorreu no início da Semana da Família na Diocese de Santo André, que durante a segunda semana de agosto valoriza as vocações à vida familiar e matrimonial neste Mês Vocacional.
Num dia muitas de emoções, com lágrimas de felicidade e sorrisos estampados nos olhos, Leonardo Gonzaga Fagundes e Danielly Lopes dos Santos Costa Fagundes; Eric Kosimenko e Gilcicler Zacarenskas Kosimenko, todos cristãos batizados conforme o rito católico, mas que frequentaram as igrejas de doutrina protestante durante boa parte de suas vidas, nesse dia reafirmaram o seu “sim” comprometendo-se no aprofundamento da fé católica e na participação ativa como membros de uma comunidade.
“Queremos viver essa tradição da Igreja para a nossa família, para nossa casa. Criar nossos filhos, que são pequenos, nisso que estamos vivendo. Então, amar a Deus cada vez mais, conhecer cada dia mais as coisas, participar da vida da comunidade aqui (na Paróquia Jesus Bom Pastor) e no dia a dia construindo algo sólido em nossas vidas”, confirma o casal Leonardo e Danielly, que se conheceram em Goiás, formalizaram união em 2009, e batizarão os dois filhos: Miguel, 6 anos, e Alice, 9 anos, neste mês de agosto, em Goiânia (GO).
“Esperamos vivenciar a doutrina católica, participando da comunidade. A ideia é a gente continuar aqui, na Paróquia Jesus Bom Pastor. Temos muito que aprender, relembrar as coisas, com pessoas boas ao nosso lado. Nossa ideia é realmente continuar a se aprofundar na fé, no modo de ser cristão e auxiliar outras pessoas (que queiram voltar à Igreja Católica), encorajá-las com nosso testemunho, sempre na busca da verdade, na presença de Deus”, salienta Eric e Gilcicler, nascidos no Grande ABC e juntos desde 2016.
Administrador Paroquial da Paróquia Jesus Bom Pastor, Pe. Vinícius disse que a Igreja Católica está sempre pronta para o acolhimento de casais que reconsideram a história, os dogmas e os ensinamentos e decidem retornar à Casa de Deus. De acordo com o sacerdote, esse passo dado pelos casais reafirma ao mundo que nós precisamos praticar a Igreja em saída, indo ao encontro das pessoas e dialogando com o diferente, a fim de se chegar a um denominador comum e falar a mesma linguagem.
“Para nossa comunidade católica, é uma alegria receber esses nossos irmãos. Com isso queremos reafirmar a importância do diálogo ecumênico em seu sentido pleno, que é o esforço mútuo em favorecer a unidade como membros totalmente integrados no Corpo de Cristo, a Igreja, na qual está a plenitude dos meios para a salvação, conforme afirma o Decreto Unitatis Redintegratio”, destaca Pe. Vinícius, ao lembrar nesse gesto a acolhida, uma das prioridades do 8º Plano de Pastoral (2018-2022).
A celebração atendeu a todos os protocolos sanitários de distanciamento, uso de máscaras e álcool em gel, além da capacidade limitada de fiéis dentro da igreja.
A providência divina que direciona as nossas vidas
Vidas que se cruzam, que constroem uma relação de compromisso e que hoje se reencontram nos braços de Jesus Cristo. O gerente de projetos Leonardo Gonzaga Fagundes, 37 anos, e a do lar Danielly Lopes dos Santos Costa Fagundes, 34 anos; e o publicitário Eric Kosimenko, 35 anos, e a internacionalista Gilcicler Zacarenskas Kosimenko, 32 anos, são exemplos de casais com histórias semelhantes, que trilharam uma caminhada na igreja protestante e atualmente descobriram seu lar no catolicismo.
Leonardo e Danielly se conheceram durante a adolescência, na Igreja Videira – Igreja em Células, em Goiânia (GO). Ele, de Porangatu, interior do estado de Goiás. Ela, da capital goiana. “Minha família toda é católica. Apenas meus pais protestantes”, recorda Leonardo. “Nos conhecemos lá e casamos em 2009”, conta Daniele, também filha de pais protestantes.
Em 2018, a mudança para São Paulo, em razão do trabalho de Leonardo, começaria a mudar os rumos do casal, que procurava respostas para a prática da fé e o sentido da vida. “Quando adotamos Santo André como nossa cidade, no início de 2020, seria o início do nosso processo de conversão”, confidencia Danielly, que em razão da pandemia, começou a fazer o homeschooling com os filhos.
“Nesse processo, uma das partes dele é ensinar sobre princípios. Nós entendemos que onde havia mais princípios sólidos era na Igreja Católica”, salienta Leonardo, recordando a dificuldade que tinha de encontrar coesão de ensinamentos num segmento religioso tão plural como o que vivia antes.
O próximo passo seria procurar uma paróquia para participar das missas. Com a reabertura gradual das igrejas para as missas presenciais, em junho de 2020, o casal visitou a Catedral do Carmo, fez a primeira confissão e começou a frequentar as celebrações. “Tudo começaria a fazer sentido”, relembra Daniele.
Convidados por uma pessoa do bairro, que pertence ao Instituto de Ensino Casa da Felicidade, Leonardo, Danielly e os filhos Miguel e Alice conheceram a Paróquia Jesus Bom Pastor, dialogaram com o Pe. Vinícius, foram acolhidos pelos fiéis e, desde então, seguem firmes no propósito de colaborar com a missão de adquirir conhecimento e atuar pastoralmente na comunidade.
Já o casal Eric e Gilcicler nasceu no Grande ABC, em São Bernardo e Santo André, respectivamente. Ele, de família ucraniana, batizado na Paróquia Imaculada Conceição para os fiéis de rito ucraniano católico, na Vila Bela, em São Paulo. Ela, de família lituana, recebeu batismo católico na Paróquia Santa Teresinha, em Santo André. Se conheceram por meio dos pais de ambos, que começaram a frequentar um Centro Espírita da avó de Gilcicler.
“Meus pais estavam procurando alternativa para uma situação que a família estava passando e por consequência chegamos no Centro da avó dela, e através dessa amizade, conheci a Gilcicler”, conta Eric. “Fui para o protestantismo. Mas minha família é toda de rito oriental, com descendência ucraniana, russa, e na minha infância fui católico”, acrescenta. “Meus pais já eram protestantes”, complementa Gilcicler.
Eric e Gilcicler começariam a frequentar a mesma igreja, a Assembleia de Deus, no Bairro Camilópolis, em Santo André, onde fortaleceram a amizade até o casamento, no ano de 2016. A partir daí, assim como aconteceu com o casal Leonardo e Danielly, dúvidas começariam a surgir na prática do pentecostalismo. “Foi aí que Deus tocou no coração e começamos a buscar nos aprofundar na doutrina da Igreja Católica”, afirma Eric. “Em 2019 começamos a estudar bastante.”, atesta Gilcicler. “Deus começou a colocar boas pessoas em nosso caminho. Creio que aquilo que é essencial para professar a nossa fé recebemos Dele”, afirma Eric.
A primeira missa do retorno do casal à Igreja Católica seria em fevereiro de 2021, na Paróquia Jesus Bom Pastor. “Como estávamos procurando conversar com um padre, sanar algumas dúvidas, nossa psicóloga indicou o padre Vinícius e ele foi muito receptivo, nos orientando e rezando por nós”, relembra Gilcicler, que almejava saber mais sobre o sacramento do matrimônio. “O padre Vinícius consultou especialista em direito canônico e respondeu no outro dia que era necessário apenas fazer a convalidação dos votos”, completa Eric. E assim, os casais Leonardo e Danielly, Eric e Gilcicler, com histórias parecidas, sem porém terem se conhecido anteriormente, se encontram num mesmo local, se reconciliam com Deus e com a Igreja mediante o Sacramento da Confissão. E, numa mesma cerimônia, professam a fé e recebem a convalidação do sacramento do matrimônio. Um sinal da providência divina!
Rito da cerimônia de convalidação
O rito teve início com a profissão pública de fé de ambos os casais, no qual renunciaram aos elementos que se distanciavam do ensinamento eclesial e recitaram o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, reafirmando a sua adesão à fé da Igreja Católica.
Em seguida ocorreu a celebração eucarística, durante a qual transcorreu a convalidação simples do sacramento do matrimônio, conforme o ritual romano. Após a homilia, o sacerdote em nome da Igreja dialogou com os nubentes para averiguar a intenção de ambos, acerca da veracidade do consentimento matrimonial; logo após, selaram a troca do consentimento, que caracteriza a forma do sacramento. “Caso esses casais tivessem nascido em berço protestante, a união que firmaram no seio de outra denominação cristã já constituiria sacramento; como, porém, ambos os casais receberam o batismo pela Igreja Católica, interiormente, mesmo após o abandono dessa confissão religiosa, em virtude do batismo recebido, continuam interiormente adscritos a ela, razão pela qual a Igreja, por ocasião de seu retorno, colhe seu consentimento a fim de ratificar a união já estabelecida”, explica Pe. Vinícius.
A convalidação simples foi realizada mediante orientação do Vigário Judicial do Tribunal Eclesiástico Diocesano, Pe. Jean Eugênio Rafael Barros, e a profissão de fé, devidamente assinada, foi acolhida formalmente pelo Vigário-Geral da Diocese de Santo André, Pe. Ademir Santos de Oliveira.
Continuando a cerimônia, os casais trocaram as alianças, que constituem um símbolo importante, rito que outrora fizeram no seio de outra denominação cristã, mas enriquecido agora como sacramental da Igreja!
Outro diferencial foi a bênção nupcial, elemento característico da liturgia católica e ausente em outros segmentos, que na celebração eucarística, os casados recebem após o Pai-nosso. Por fim, como selo de sua união plena com a Igreja, os casais puderam fazer de novo, depois de anos, a comunhão sacramental, que já haviam recebido na infância.
Source: Diocese