Neste mês de maio, no qual celebra-se o “dia das mães”, falemos da maternidade.
Não raro somos informados de fatos dolorosos envolvendo mães e seus bebês abandonados. Estes fatos dramáticos questionam a maternidade na sociedade atual. Às vezes, parece que já não se dá a existência, como quem gera ou produz uma vida dando-lhe à luz para que se desenvolva, mas como quem consome.
Se vida gerada, às vezes “narcisisticamente”, é objeto de consumo, pode-se dispor dela a seu bem prazer. Todos estes questionamentos veem envoltos em angústia, porque dizem respeito ao santuário da vida representado, sobretudo, pela da mãe.
Nas correntes feministas mais radicais, o termo maternidade é ocultado e, frequentemente, proscrito. Em nome da ideologia de gênero, as pessoas de sexo feminino seriam intercambiáveis com as pessoas de sexo masculino. E a maternidade, seria um fardo de que as mulheres precisariam liberar-se para assumirem seu lugar na sociedade produtiva.
Por outro lado, vemos surgir um “novo feminismo” que, ao contrário do feminismo radical, redescobre a especificidade feminina e nela reconhece a dimensão materna que lhe é essencial. Este novo feminismo redescobre que a ação da mãe, se é benéfica para o marido e para os filhos, é igualmente benéfica para a sociedade.
A maternidade é inegavelmente uma das maiores glórias da mulher. É também uma das experiências mais profundas de amor humano, embora não se possa reduzir a mulher a seu papel de mãe, assim como não se reduz o homem a seu papel de pai.
Os Evangelhos apresentam a figura de Maria, mãe de Jesus, como ponto alto da colaboração da mulher com Deus no seu plano salvífico. Maria de Nazaré aceitou ser mãe do Filho de Deus.
O papa João Paulo I, em 1978, provocou admiração em um pronunciamento dominical na oração do meio-dia. Ele afirmou: “Deus nos ama sem medida. Sabemos que Ele sempre nos olha, nos guarda, mesmo quando é noite. É pai, mais ainda: é mãe. Não quer nos fazer mal, mas apenas o bem”.
O amor de mãe está no âmago do ensinamento evangélico, resumido no mandamento do amor. Amor que é ágape, como nos recorda o papa emérito Bento XVI em sua encíclica (Deus Caritas est). Este amor se manifesta na entrega incondicional da mãe a seu filho. Por compreenderem melhor esta dimensão do amor que inclui o sacrificar-se pelo ser amado, as mulheres seguiram Jesus até o Calvário, permanecendo aos pés da cruz.
No entanto, quero homenagear a maioria das mães que se doam todos os dias sem serem notícia. Quantos sacrifícios fazem sem que até mesmos seus filhos fiquem sabendo! Apesar de fatos chocantes acontecerem envolvendo a figura materna, a figura da mãe permanece única, emblemática: símbolo maior de um amor sublime e gratuito. Que estes fatos não desanimem as mães, mas que sirvam para mostrar como é importante seu papel na geração e proteção de uma vida que apenas desabrocha.
Em homenagem a todas as mães que estes versos de Coelho Neto, nos ajude a perceber a beleza e grandeza da maternidade: “Ser mãe é andar chorando num sorriso, ser mãe é ter um mundo e não ter nada, ser mãe é padecer num paraíso”.
* Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo de Santo André
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