Que as belas pegadas que o Apóstolo do Brasil deixou no solo da nossa Nação continue a ser sentinela de reconciliação e de paz para todos os brasileiros.
Hoje, 9 de junho, celebramos São José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil. A incrível história do jovem nascido nas Ilhas Canárias que, com apenas 19 anos e enfermo, embarcou para o Brasil e tornou-se seu grande Apóstolo surpreende desde os religiosos mais fervorosos até especialistas como sociólogos e historiadores. Tudo isso porque José de Anchieta foi um homem sem fronteiras que, com sua audácia abriu caminhos e, por onde passou, deixou a marca da fé, da paz e da reconciliação.
O serviço da reconciliação esteve presente em cada atitude do Apóstolo do Brasil. Por onde passava promovia a “cultura do encontro”. Anchieta olhava para além de seus próprios conceitos e buscava ouvir antes de pronunciar-se, aprender antes de ensinar, orar antes de pregar. Anchieta uniu tribos, reconciliou inimigos, promoveu a paz. Uma das passagens mais surpreendentes sobre sua missão de reconciliador aconteceu durante um dos períodos mais difíceis de sua vida, no qual ele mesmo ofereceu-se como refém em favor da reconciliação.
Corria o ano de 1563. A numerosa nação dos índios tamoios que habitava a região do atual litoral norte do Estado de São Paulo e grande parte do Estado do Rio de Janeiro, estava cheia de ira contra os portugueses e disposta a destruir tudo e todos que encontrarem pela frente. O Pe. Quiricio Caxa, que conheceu pessoalmente Anchieta e escreveu sua primeira biografia imediatamente após a morte do Apóstolo do Brasil, nos relata:
Padecia a capitania de São Vicente grandíssima opressão com os contínuos saltos que os tamoios nela faziam, levando-lhe seus escravos e algumas vezes as próprias mulheres, que estavam em suas fazendas, entre as quais houve algumas das doutrinadas pelos nossos, que fizeram finezas, deixando-se matar por não perderem a castidade. Sabia bem o Pe. Nóbrega que a justiça estava da parte dos tamoios pelos muitos agravos que tinham recebidos dos portugueses, e posto que com muitas missas, orações, disciplinas e outras penitências, procurava aplacar a ira de Deus contra seu povo: vendo que isso não bastava, determinou de procurar se fizessem as pazes com eles com condições honestas e justas, porque concluindo-se, ficava a capitania livre.
Diante de tanto horror que ainda estava por vir, Nobrega e Anchieta se colocaram à disposição para serem reféns, oferecendo suas próprias vidas como penhor de um possível acordo de paz. É importante notar que Nóbrega e Anchieta não tinham se oferecido como reféns para defenderem os interesses dos portugueses e nem acreditavam em sua inocência. Neste sentido o Pe. Quirício Caxa deixa bem claro esta realidade quando afirma: “Sabia bem o Pe. Nóbrega que a justiça estava da parte dos tamoios pelos muitos agravos que tinham recebido dos portugueses”. Deste modo, os dois jesuítas tinham por único objetivo alcançar a paz para ambos os lados e seguir realizando sua missão em paz.
Deste modo, Anchieta, com sua inabalável esperança, perseverou na sua entrega. Naquela ocasião escreveu o Poema da Bem-Aventurada Virgem Maria a quem tinha por companheira fiel naqueles dias difíceis. O jovem pensou que seria mártir, mas Deus ainda esperava muito daquele jesuíta. Morreu aos 63 anos, em Reritiba, atual Anchieta-ES. Seus filhos prediletos, os nativos indígenas, o amavam como pai. Ser amado era o prêmio daquele que ofereceu sua própria vida pela reconciliação da jovem Nação.
Que as belas pegadas que o Apóstolo do Brasil deixou no solo da nossa Nação continue a ser sentinela de reconciliação e de paz para todos os brasileiros.
São José de Anchieta, rogai por nós!
Fonte: Bruno Franguelli, SJ – Vatican News
Foto: Vatican Media
Source: Diocese