Antecedendo o Tríduo Pascal, a Celebração do Encontro (a representação do encontro de Nosso Senhor dos Passos, Jesus Cristo, com Nossa Senhora das Dores, Maria, a sua mãe) aconteceu na noite da Quarta-feira Santa (31/03), de forma virtual, sendo presidida pelos padres Jackson Henrique da Silva (Paróquia Nossa Senhora das Dores – Santo André) e Rogério Duarte Irmão (Paróquia São Sebastião – Rio Grande da Serra), pela intenção especial por todas as vítimas acometidas pela pandemia da Covid-19, familiares, enfermos, profissionais da área da Saúde e trabalhadores da linha de frente nos serviços essenciais.
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O Senhor dos Passos que carrega e tira o pecado da humanidade
Na primeira parte da celebração, Pe. Rogério refletiu sobre o caminho percorrido pelo Senhor dos Passos, que realiza sua Via-Crucis (também conhecida como Via-Sacra) carregando a cruz desde o Pretório até o Calvário. “A primeira leitura do profeta Isaías (Is 50,4-9a) nos traz a figura do servo sofredor que nos diz que o preço da sua paz foi a sua punição. Jesus Cristo carregou nossas culpas sobre seus ombros e o peso do madeiro que Ele carrega é o peso de nossos pecados, o peso do pecado da humanidade, que Jesus, o servo justo e fiel, carrega aos ombros para aliviar o nosso fardo para nos justificar e nos purificar diante de Deus”, explica o pároco da Paróquia São Sebastião.
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Por uma verdadeira e piedosa conversão a Deus
Em sua meditação, Pe. Rogério afirmou que para contemplarmos o Senhor dos Passos, devemos nos resignar no íntimo do nosso coração e refletir se estamos sendo dignos do tamanho sacrifício Dele por nós. Para isso, faz-se necessário abrir o coração para uma verdadeira e piedosa conversão, buscando assim como Cristo, o servo sofredor, ser fiel e obediente a Deus.
“O profeta Isaías nos narra que sendo Ele contado entre os malfeitores, na verdade, Ele expiava os nossos pecados, nos purificava para Deus, nos tornava com sua santidade, santos conforme a imagem de Deus. E para fazermos jus a esse sacrifício de amor que Cristo, o Senhor dos Passos, realiza em nosso favor, precisamos, de fato, de uma reflexão profunda a respeito de nossas atitudes, gestos e ações neste tempo em que vivemos. Precisamos colocar na balança, se as nossas atitudes estão de acordo com a vontade de Deus”, pondera. Pe. Rogério encerra a reflexão com uma mensagem de esperança: “Que nossos corações não sejam rebeldes, mas tomados de amor pleno da graça de Deus. Olhando para o Senhor dos Passos com o coração contrito, realizamos em nossa vida, a vontade de Deus, por uma sincera, piedosa e verdadeira conversão. Cristo é o sumo e eterno sacerdote que entrega sua vida por cada um de nós. E não há prova maior do que dar a vida por seus irmãos”, conclui.
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As sete dores de Maria e a certeza da plenitude da salvação
Na segunda parte da celebração, Pe. Jackson meditou sobre as sete dores de Maria: a profecia de Simeão; a fuga para o Egito; Maria procura Jesus em Jerusalém; Jesus encontra sua Mãe; Maria ao pé da cruz de Jesus; Maria recebe nos braços, o corpo morto do Filho; e Maria deposita Jesus no sepulcro.
“Meditando sobre as dores de Nossa Senhora somamos as intenções apresentadas e orações por todas as mães que perderam seus filhos, muitos deles vitimados pela Covid-19. Queremos olhar esse exemplo de nossa mãe, a Mãe das Dores, e colocar todas essas mães, todas aquelas que sofrem, que estão sofrendo neste momento, mas ao mesmo tempo, no caminho da esperança em nossa fé”, salienta. Ao refletir sobre o evangelho (Lucas 2, 22-40), Pe. Jackson cita a espada de dor que transpassa o coração de Maria, ao saber dessa profecia de Simeão, como aquele que está esperando contemplar a salvação em Jesus Cristo.
“Simeão diz essas palavras no sentido de que Maria estivesse preparada para viver, embora como ele disse, uma espada vai cortar o coração de Maria porque o próprio Filho será causa de queda, de erguimento, de muita contradição, como nós podemos observar nos evangelhos”, relata o pároco da Paróquia Nossa Senhora das Dores.
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Um coração forte para superação das dificuldades
E como Maria percebe essa realidade? Com o silêncio do seu coração. Esse trecho do evangelho demonstra o quanto as dores de Maria fazem parte das nossas dores. “Ela, como mãe, sente o seu coração sangrar porque é o seu Filho que vai cumprir o seu projeto de salvação, mas também é o seu Filho que passará pelo sofrimento da cruz. É o seu Filho que será humilhado. É o seu Filho que foi pisoteado. Mas ao mesmo tempo, Maria tem a grande certeza de que ela, ao lado de seu Filho, será firme, não vai esmorecer, não vai fraquejar”, sintetiza.
Essa profecia de Simeão traz um grande ensinamento de como as mães devem ser fortes diante das adversidades. “Olhamos as mães que sofrem por conta dessa pandemia, que devem ter um coração muito forte, assim como Maria teve, ao saber que não tem mais os seus filhos vitimados por essa pandemia, muitas mães que perderam aquilo que consideravam mais precioso em suas vidas. Mas ao mesmo tempo, a fé nos deve colocar uma luz. Uma luz que nos permite encontrar em Jesus Cristo, esse caminho que nos leva a salvação”, pontua.
Como conclusão do pensamento, Pe. Jackson avalia que, a partir desse momento orante, “nós possamos alcançar essa luz através do coração de Maria que sangra com as dores, mas na certeza de que essas dores se transformam em verdadeira esperança, porque o seu Filho está sendo colocado como Aquele que veio garantir a plenitude da salvação.”
Source: Diocese