Nem mesmo havia começado o encontro “Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe: Convocação para o Processo de Escuta”, organizado pela Comissão Nacional de Animação no Brasil, na noite da terça-feira, 11 de maio, e o chat da Plataforma Zoom já estava repleto de perguntas dos cerca de 600 participantes.
Participaram do encontro bispos, secretários executivos dos regionais da CNBB, assessores, presidentes de organismos, coordenadores de pastorais e movimentos e coordenadores de diocesanos de pastoral. As dúvidas giraram em torno de como dinamizar, no Brasil, o processo de escuta do Povo de Deus para a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, organizada pelo Conselho Episcopal Latino Americano (Celam), que teve início em abril se estende-se até o final de junho deste ano. Ao longo da programação elas foram sendo respondidas pela Comissão Nacional de Animação. A Assembleia, que tem como lema “Somos todos discípulos missionários em saída”, será realizada de 21 a 28 de novembro de 2021, presencialmente no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, na Cidade do México, e de forma remota em outros lugares da América Latina e do Caribe.
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Gratidão à participação
O subsecretário-adjunto de Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Marcus Barbosa Guimarães deus as boas vindas aos participantes com um agradecimento pela presença, interesse e participação no encontro, destacando que a assembleia aspira a participação ampla e ativa de todo povo de Deus.
O cantor Zé Vicente, na oração inicial, lembrou do momento, em 1985, em que compôs a canção “Pelos Caminhos da América” dizendo-se feliz por vivenciar o momento de preparação da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, segundo ele: “Um importante convite do Espírito nesta hora”. A presidente do Conselho Nacional do Laicato (CNLB) e membro da Comissão Nacional de Animação, Sônia Oliveira, proclamou Palavra de Deus (Atos dos Apóstolos 2, 42-46), reforçando o ideal de Igreja presente nas primeiras comunidades cristãs.
O arcebispo de Londrina (PR) e presidente do Regional Sul 2 da CNBB, dom Geremias Steinmetz lembrou que a sugestão da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe partiu do próprio Papa Francisco, a partir da indicação de que a Conferência de Aparecida ainda não está aplicada e ainda não foi superada. Dom Geremias reforçou os princípios que estão orientando o processo de escuta: leitura em chave sinodal, um processo processo colegiado, que deve acontecer articulando as redes de redes, buscando a conversão integral, com uma visão profética e integradora e que busque incidir na realidade de continente.
Ele também falou que, na escuta, é importante assegurar a descentralização e ao mesmo tempo a pertença, a acolhida e a divulgação do magistério da Igreja, a fidelidade ao Santo Padre e assumir o legado das cinco Conferências Episcopais promovidas pelo Conselho Episcopal Latino Americano (Celam). O arcebispo de Londrina apresentou qual é a pergunta geral que precisa ser respondida nesse processo de escuta: Quais são os novos desafios para a Igreja na América Latina e Caribe, à luz da 5ª Conferência Geral de Aparecida, dos sinais dos tempos, do magistério do Papa Francisco?. Segundo ele, a pergunta faz uma síntese dos grandes objetivos da pastoral. A Assembleia também propõe dois caminhos: a celebração do Jubileu Guadalupano em 2031 e o Jubileu da Ressurreição de Jesus Cristo, em 2033.
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Metodologia da Escuta no Brasil
Ao bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado coube a motivação e a explicação da metodologia do processo de escuta da Assembleia Eclesial no Brasil. Ele lembrou que é a primeira vez que os países se deparam com esse desafio eclesial de realizar uma Assembleia e que o processo de escuta acontece de abril a junho deste ano. Trata-se, segundo o secretário-geral da CNBB, de um período fundamental em todo o processo.
Dom Joel falou sobre os dois documentos fundamentais neste processo: o “Documento para o Caminho em direção à Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe”, que trata do conteúdo e o “Guia Metodológico do Processo de Escuta do Povo de Deus”, que trata da forma. O secretário-geral da CNBB apresentou a forma como está estruturado o “Documento para o Caminho” a partir do método ver-julgar-agir. Sobre o documento “Guia Metodológico”, dom Joel explicou que, ao longo do texto, são recorrentes as palavras: “Escuta, consulta e sinodalidade”. “Se quisermos enfrentar esta assembleia como ela precisa ser enfrentada nós não podemos desprezar estas três palavras. Elas são o coração desta Assembleia Eclesial”, afirmou. Dom Joel disse que só o fato de escutar já tem uma força interpeladora muito grande num mundo que está se perdendo a capacidade da escuta. Ele também reforçou a beleza da sinodalidade que vai assegurar que as diversas forças eclesiais e sociais sejam consideradas.
Dom Joel também explicou que a consulta poderá ser feita de forma individual e coletiva. “O importante é que a reflexão seja feita de forma comunitária e compartilhada”, disse. Ele reforçou que a escuta não pode ser confundida com curso, oficina ou atividade de planejamento, conforme explica o Guia Metodológico, e que os grupos podem escolher entre refletir sobre todos os temas propostos ou escolher alguns para aprofundar. A reflexão precisará ser sistematizada dentro da plataforma que pode ser encontrada no site abaixo. Em razão dos prazos, dom Joel apontou a necessidade de acelerar o processo de escuta no Brasil. A Comissão Nacional de Animação no Brasil e os regionais da CNBB têm a missão de animar o processo no país.
Sites (onde acessar o material) e formulários da escuta:
https://assembleaeclesial.lat e https://assembleiaeclesial.com.br
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Comissão Nacional de Animação da Escuta no Brasil:
Source: Diocese