Um dos motivos que mais dificulta um bom momento de oração é justamente a distração, a dispersão. Muitas vezes nos recolhemos para orar, mas não conseguimos nos concentrar, não conseguimos elevar nossa alma a Deus, por conta de vários fatores como, por exemplo, preocupações com as coisas do cotidiano ou algum problema mais sério que está nos afetando naquele ciclo da vida. Também agitações e ansiedades podem nos atrapalhar e até mesmo o lugar que escolhemos para orar pode não ser propício. Muitas vezes, os barulhos externos, tais como ruídos da rua, pessoas que passam nas calçadas conversando e o trânsito lá fora podem impedir que a nossa oração aconteça de modo satisfatório. Dentro de nossas casas, o barulho da TV, o telefone ou campainha tocando também podem desfazer o nosso momento de comunhão com Deus. Os burburinhos interiores que vêm da nossa mente, da dor de nossa alma, da aflição de nossos corações e tantos outros tipos de sentimentos, sensações, euforias, também podem se tornar inimigos de nossas orações. O que fazer, então, para conseguir orar, sem se dispersar, se vivemos dias tão difíceis, com tantas turbulências e ameaças, com tantos medos e inseguranças?
O próprio Jesus nos dá uma dica no Evangelho de Mateus, capítulo 6, versículo 6 “Mas, quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, em segredo. Então seu Pai, que vê em um lugar oculto, o recompensará”.
A primeira coisa a se fazer é realmente encontrar um lugar propício à oração. Claro que, com tantos afazeres, não conseguiremos diariamente estar numa capela ou num local retirado para ficar a sós com Deus, porém, mesmo dentro de nossas casas podemos encontrar um ponto distante dos ruídos da TV, dos toques dos telefones e mesmo das conversas da família. Podemos, também, escolher um horário quando o ambiente se torna mais silencioso e preparar o local, deixando-o pronto para a oração diária, colocando uma mesinha com a Bíblia, uma vela, uma garrafinha com água benta, uma imagem de nossa devoção, um terço ou qualquer outro tipo de objeto que nos remeta a Deus.
Uma vez preparado esse lugar especial, que será o nosso “cantinho para oração”, o nosso “altar doméstico”, devemos então acalmar o nosso interior. Não devemos parar uma atividade qualquer para, imediatamente, iniciar o nosso tempo de oração. Ao chegarmos no lugar escolhido, devemos procurar uma posição cômoda, por exemplo, sentar em uma cadeira confortável e, então, fazer alguns exercícios de respiração (inspirar pelo nariz e soltar o ar pela boca suavemente) várias vezes; depois relaxar, soltar todo o corpo começando pelo pescoço, braços, mãos, dedos, pernas e pés. Muitas vezes, alguns pequenos alongamentos podem ajudar nesse momento.
Existem músicas de silenciamento mental que podem auxiliar também. Se tivermos a oportunidade de buscar uma dessas músicas suaves, somente instrumentais, no celular, ou CD, elas podem contribuir para elevar a nossa alma ao céu.
Temos que apagar da mente todo e qualquer pensamento. Esqueçamos as tristezas ou alegrias do passado, as preocupações do presente ou as incertezas e planos para o futuro. Vamos deixar a nossa mente vazia como um quadro em branco, como nos ensina o Frei Ignácio Larranaga em suas Oficinas de Oração e Vida. Convém dizer que existem pessoas que, pelas suas características de personalidade, não precisam dessas ajudas, mas, para uma boa maioria elas são convenientes e necessárias.
Enfim, quando conseguirmos construir esse silêncio interior e nos sentirmos relaxados, um pouco longe das coisas do mundo, dos acontecimentos e burburinhos, estaremos prontos para iniciarmos nossas orações. Iniciemos traçando sobre nós o sinal de nossa fé, o sinal da cruz, e invocando o Santo Espirito de Deus, que muito nos ajudará a bem rezar.
Orar nada mais é do que conversar com Deus como se conversa com um amigo, contar a ele tudo aquilo que você está vivendo, colocar nas mãos Dele os seus problemas, entregar sem reservas o que vai em sua alma, em seu coração. Orar é o meio mais simples e eficaz para nos comunicarmos com Deus.
Às vezes, estamos tão áridos que sentimos dificuldades até mesmo para iniciar as nossas orações. Nesse caso, façamos, novamente, toda a preparação e comecemos a escrever. Sim, caneta e caderno nas mãos, como se estivéssemos redigindo uma carta a Deus, como se fossemos um salmista, escrevendo ao Senhor aquilo que está em nossos corações, contando a Ele das nossas lutas, vitórias, amarguras, decepções. Em seguida, podemos ler em voz alta o que escrevemos. Uma oração escrita também nos remete a Deus.
Muitas são as vezes que começamos a rezar e, de repente, nos vem outros pensamentos. Nossa mente, voando como uma borboletinha vai nos levar a outros lugares, a encontrar outras pessoas e depois de algum tempo, percebemos que já estamos completamente dispersos. Não vamos nos desesperar, mas sim com muita humildade recomeçar… digamos a Deus que nos dispersamos e queremos tentar novamente, afinal, se desligar de tantas coisas para se concentrar em Deus não é algo fácil. É também uma luta! E o Senhor aprecia nos ver lutando por Ele. Levemos sempre conosco os três anjos: Fé, paciência e perseverança. Convém lembrar que, se hoje, não conseguimos orar, amanhã pode ser melhor. Vamos tentar novamente, pois certamente o Pai que vê o nosso esforço vai nos perdoar pelo fracasso de hoje e nos recompensar pela nova tentativa de amanhã. Se estivermos com dificuldade de nos concentrar na oração de hoje, não vamos ficar frustrados e sim finalizar o nosso tempo com Deus abrindo as nossas bíblias, e lendo vagarosamente um Salmo, fazendo nossas aquelas palavras do salmista. Isso se chama leitura rezada e também esse é um modo de orar quando nos dispersamos nos momentos de aridez e fragilidade de nossas almas, conforme nos ensina Frei Larranaga. Então, renovemos o compromisso de estar com o Senhor diariamente por pelo menos 30 minutos e daqui algum tempo já estaremos num nível de intimidade com Deus jamais imaginado. O segredo é perseverar e com muita fé, tentar outra vez!
*Artigo por Tânia Pospi Silva
Source: Diocese