O Dia Nacional da Adoção é celebrado anualmente no dia 25 de maio. Instituída em 2002, a data visa debater a importância dos trabalhos que incentivam a adoção e a conscientização sobre o tema na sociedade.
E para celebrar esse dia, vamos conhecer uma ação exemplar da FEASA (Federação das Entidades Assistenciais de Santo André), que fundou o Grupo de Apoio à Adoção “Laços de Ternura”, considerado como referência para pais e pretendentes à adoção e que está prestes a completar 20 anos no próximo dia 2 de agosto.
O objetivo desse grupo é orientar, subsidiar e acompanhar adotantes e pretendentes para que as adoções tenham êxito, contribuindo para que mais crianças e adolescentes possam desfrutar do direito de ter um lar.
Para aprofundar o assunto e falar sobre esse ato de amor incondicional, a reportagem da Diocese de Santo André conversou com a coordenadora técnica da FEASA e assistente social do Grupo de Apoio à Adoção Laços de Ternura, Maria Inês Villalva, 67 anos. Confira:
1. Primeiramente, conte como surgiu esse trabalho do grupo junto às mães, pais e casais que gostariam de adotar uma criança ou um adolescente.
O Grupo de Apoio à Adoção Laços de Ternura é um programa conduzido pela FEASA (Federação das Entidades Assistenciais de Santo André). E a FEASA, além de capacitar, orientar e subsidiar todas as entidades do município, também conduz o Grupo de Apoio à Adoção Laços de Ternura. Esse grupo de apoio à adoção funciona há 20 anos em Santo André. Inicialmente, o atendimento era realizado para todas as pessoas que nos procuravam com o interesse de conhecer um pouco mais sobre adoção e ter orientações a respeito desse tema. Mas, de alguns anos para cá, nós tivemos que fazer um recorte geográfico. Então, só estamos atendendo pessoas que moram em Santo André, porque o grupo ficou muito grande e estava perdendo qualidade. Então, para poder contar com o trabalho do grupo de apoio, a gente exige que a família ou os interessados sejam residentes em Santo André.
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2. E quais os objetivos do Grupo de Apoio à Adoção Laços de Ternura?
O grupo de apoio tem o objetivo de oferecer subsídios, orientações técnicas, no campo jurídico, psicológico e social para todas as pessoas que pretendem adotar uma criança ou um adolescente. Então, a gente orienta sobre todos os passos que devem ser dados para se conseguir a adoção de uma criança. Então, como funciona o processo de habilitação, que tem de ser feito junto ao Fórum da Comarca, o que é uma destituição do poder familiar, o que é um estágio de convivência, enfim, todas as questões processuais e de ordem psicológica, também, em relação às fases de aproximação e convivência. Tudo isso a gente orienta os pretendentes adotivos.
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3. Como são realizadas essas orientações aos pretendentes à adoção?
Essas orientações eram sempre dadas através dos encontros que realizávamos presencialmente. Em função da pandemia, nossos encontros estão acontecendo de forma virtual. Além do atendimento dos pretendentes adotivos, daqueles que querem construir uma família através da adoção e que estejam iniciando essa caminhada, nós também temos o grupo de apoio pós-adoção, que chamamos de GAPA e reunimos pessoas que já adotaram, que já estão com a guarda dos seus filhos, e nesse trabalho desse grupo, nós discutimos temas de interesse desses pais que já estão com seus filhos. Então, a gente discute sobre como contar a respeito da história desse filho, a revelação dessa origem, a gente fala muito a respeito de problemas de comportamento, da fase de adaptação na família. Nós falamos sobre os gatilhos emocionais que às vezes podem ser acionados , por ocasião de alguma data ou festividade, em função de traumas e de recordações desagradáveis que essas crianças podem ter tido. Então, basicamente o nosso trabalho é esse.
Além desses encontros que infelizmente não estão ocorrendo de forma presencial, e continuam de forma virtual, também fazemos o atendimento pessoal. Então, situações pontuais que as pessoas não querem expor, ou às vezes o tema não comporta para que seja exposto no grupo durante a realização do grupo, essas pessoas podem nos procurar particularmente que realizamos o atendimento. *
4. Como é formado o Grupo de Apoio à Adoção Laços de Ternura e o desenvolvimento deste trabalho?
O Grupo de Apoio à Adoção conta com uma coordenação técnica formada por assistente social, psicólogo e advogado. Então, nessas três áreas promovemos toda a orientação necessária. Normalmente, a Vara da Infância e Juventude de Santo André, local onde tramita os processos de adoção e de habilitação para adoção, encaminha as pessoas para que participem do grupo, tão logo queiram dar entrada no processo de habilitação. Então, a gente trabalha com o aval da Dra. Soraia, que é a juíza da Vara da Infância e Juventude de Santo André. Nós trabalhamos muito difundindo as adoções que chamamos de adoções necessárias, que são as adoções de crianças maiores, de grupos de irmãos, a adoção de uma criança que às vezes tem alguma necessidade especial, alguma deficiência. E nós estamos tendo muito êxito nessa busca por famílias especiais para essas adoções especiais. A adoção de bebês brancos, de crianças saudáveis, principalmente meninas, que parece ter a preferência maior dos pretendentes adotivos, não precisa ser tão divulgada, porque já existe uma procura grande.
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5. Como é realizado o trabalho de conscientização da adoção na sociedade?
O nosso objetivo é sempre também tentar levar ao conhecimento dos pretendentes adotivos que tem crianças que precisam de um lar, precisam de um pai e que são crianças maiores, que às vezes tem um perfil diferente daquele do imaginário. Então, trabalhamos muito nessa perspectiva e fazemos buscas ativas, no sentido de procurar famílias que aceitem crianças que estão acolhidas à espera de um lar e que não encontram no Sistema Nacional de Adoção, pretendentes que aceitem com aquele perfil. Então, esse também é o nosso trabalho. Felizmente, a gente percebe que as famílias adotivas antigamente tinham uma rigidez maior em relação ao perfil do filho e, hoje, graças a Deus, encontramos famílias que estão demonstrando um pouco mais de flexibilidade em relação à idade da criança, à questão racial, não se é exigido mais como era no passado, a criança branca. Hoje em dia, a gente ouve muito quando se pergunta da raça preferida, as pessoas dizerem: “eu quero raça humana”. Então, isso é muito interessante. A gente percebe uma mudança na cultura da adoção.
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6. Quem pode adotar uma criança ou um adolescente?
É importante a gente deixar sempre essa informação, porque ainda existe muita informação equivocada a respeito disso. Quem pode adotar: pessoas solteiras, casadas, pessoas que vivem uma união estável, viúvos e divorciados. Então, o estado civil não é impedimento para se adotar uma criança.
A idade dos adotantes homens e mulheres tem que ser no mínimo de 18 anos. E é lógico que isso tudo vai ser avaliado no setor técnico do Fórum, quando os pretendentes adotivos derem a entrada no processo de habilitação. É claro que um jovem de 18 anos não tem o perfil ideal para adoção e a maturidade necessária para realizar uma adoção, mas às vezes numa relação, num vínculo afetivo muito forte, que existe esse pretendente e a criança, isso possa ser considerado. Mas geralmente, o setor técnico espera e aprova pessoas de mais idade para se tornar adotantes.
Muita gente pergunta se para adotar uma criança é preciso ter casa própria, carro. Não. A lei não estabelece nenhuma exigência em relação a patrimônio ou a renda familiar.
O que vai ser observado muito de perto é a capacidade afetiva, protetiva. É lógico que os adotantes têm que ter uma condição mínima para oferecer e atender as necessidades da criança. Mas não existe uma renda definida ou uma exigência específica em relação a isso.
A diferença entre adotante e adotado deve ser de 16 anos. Então, alguém que quer adotar uma criança maior ou adolescente, tem que calcular essa diferença (mínima). Então, a adoção dá uma abertura muito grande diferente do que era no passado, que havia uma rigidez muito maior em relação ao perfil dos adotantes.
Ficou interessado em conhecer mais sobre o processo de adoção?
Ligue no telefone: (11) 4436-7477/ WhatsApp: (11) 99112-8245, envie e-mail para: mariaines@feasa.org.br ou faça uma visita na sede da FEASA localizada na Rua: Tamarutaca, 250 – Vila Guiomar – Santo André. Facebook: https://www.facebook.com/gaa.lacosdeternura
Source: Diocese