A fase diocesana do Sínodo dos Bispos foi prorrogada até o início do segundo semestre de 2022. As contribuições do processo de escuta e diálogo da Diocese de Santo André deverão ser encaminhadas ao Centro Diocesano de Pastoral até o dia 3 de julho de 2022. A partir dessas sínteses, a equipe sinodal diocesana – o CDP (Conselho Diocesano de Pastoral) – elaborará uma síntese para ser enviada à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Neste período de oito meses, cristãos leigos, pastorais, movimentos, associações, padres e bispos são convidados a refletir sobre os rumos da Igreja, em sintonia com o tema Por uma Igreja sinodal: Participação, Comunhão e Missão, que traz o propósito de caminharmos todos juntos na linha do diálogo, da evangelização e da promoção humana., ou seja, uma Igreja cada vez mais acolhedora e missionária.
Para melhor compreender essa etapa, a equipe sinodal diocesana, que cuida da preparação, organização e motivação das atividades propostas envolvendo a fase de escuta e consulta ao povo de Deus, iniciou o aprofundamento dos dez núcleos temáticos elencados pelo Documento Preparatório “Para uma Igreja Sinodal – comunhão, participação e missão” com apoio do Vade-Mécum do Sínodo: manual oficial para ouvir e discernir nas Igrejas Locais para a fase diocesana de escuta e diálogo do Sínodo dos Bispos em cada uma das dez regiões pastorais, a partir deste mês de novembro.
Segundo o documento, as perguntas que acompanham cada um dos dez temas seguintes podem ser utilizadas como ponto de partida ou orientação útil. A conversação e o diálogo não têm necessariamente de estar limitadas às perguntas.
Vamos conhecê-los?
1. Os companheiros de viagem
Na Igreja e na sociedade, estamos lado a lado na mesma estrada. Na nossa Igreja local, quem são aqueles que “caminham juntos”? Quem são aqueles que parecem mais afastados? De que forma somos chamados a crescer como companheiros? Que grupos ou indivíduos são deixados à margem?
2. Escutar
Escutar é o primeiro passo, mas precisa de uma mente e de um coração abertos, sem preconceitos. Representante da Região Santo André – Leste, Cacilda Natalice da Silva Paulino acredita que o itinerário 2 deve seguir o seguinte raciocínio:
“Escutar é um ato de amor ao próximo e a si mesmo. É deixar ser guiado e envolto nos braços do Pai. Quando crianças nos sentamos para ouvir histórias e ludicamente após esta escuta, as idéias surgem e cresce uma força chamada desejo dentro de nós. É assim que devemos agir neste processo de sinodalidade! Ter a humildade de escutar as diversas vozes que possam surgir, sem preconceito e classificação social, que venham ecoar como personagens, mas que lutam em defesa do bem comum, lutando contra as diferentes realidades, inibindo as dificuldades diárias. É o momento de ouvir a voz do coração, permitindo ser conduzido pelo Espírito Santo e assim discernir sobre as diferentes opiniões que deverão surgir”, elucida.
3. Falar
O que facilita ou dificulta que se fale com coragem, franqueza e responsabilidade na nossa Igreja local e na sociedade?
De acordo com a representante da Região Santo André – Utinga, Regiane Roque, através da fala teremos a oportunidade de todo o povo de Deus, sem exclusão, ser ouvido ao “tomar a palavra, com coragem e parrésia (Vademecum, 2021), ou seja, com liberdade de oratória de expressão com uma afirmação verdadeira, caridosa e corajosa, considerando as relações vividas na Igreja e na sociedade. Devemos refletir quais são os obstáculos ou facilidades que encontramos para nos expressarmos e se realmente todos tem lugar de fala, inclusive as minorias”, destaca.
4. Celebração
Só é possível “caminhar juntos” se assumirmos como base a escuta comunitária da Palavra e a celebração da Eucaristia. Como é que a oração e as celebrações litúrgicas inspiram e guiam realmente a vida e missão comuns na nossa comunidade? Como é que inspiram as nossas decisões mais importantes? Como promovemos a participação ativa de todos os fiéis na liturgia? Que espaço damos à participação nos ministérios de Leitor e de Acólito?
5. Partilhar a responsabilidade pela nossa Missão Comum
A sinodalidade está ao serviço da missão da Igreja, na qual todos os membros são chamados a participar. Uma vez que somos todos discípulos missionários, como é que cada batizado é chamado a participar na missão da Igreja? O que impede os batizados de serem ativos na missão? Que áreas da missão estamos a negligenciar? Como é que a comunidade apoia os seus membros que servem a sociedade de várias formas (envolvimento social e político, investigação científica, educação, promoção da justiça social, proteção dos direitos humanos, cuidados com o ambiente, etc.)? Como é que a Igreja ajuda estes membros a viverem o seu serviço à sociedade de forma missionária? Como e por quem é feito o discernimento sobre as escolhas missionárias?
6. Diálogo na Igreja e na Sociedade
O diálogo exige perseverança e paciência, mas também permite a compreensão mútua. Até que ponto as diferentes pessoas da nossa comunidade se reúnem para o diálogo? Quais os lugares e os meios de diálogo no seio da nossa Igreja local? Como promovemos a colaboração com dioceses vizinhas, comunidades religiosas da nossa área, associações e movimentos laicais, etc.? Como abordamos as divergências de visão ou os conflitos e dificuldades? Quais as questões particulares na Igreja e na sociedade a que temos de prestar mais atenção? Que experiências de diálogo e colaboração temos com crentes de outras religiões e com as pessoas que não têm filiação religiosa? Como é que a Igreja dialoga e aprende com outros sectores da sociedade: as esferas da política, da economia, da cultura, da sociedade civil e das pessoas que vivem na pobreza?
7. Ecumenismo
De acordo com o representante da Região Diadema, Deivid Ferreira Couto, a Igreja, a partir do Santo Padre, nos convida ao grande diálogo entre os crentes. Um momento de fala, reflexão e de grande escuta dos clamores e ansiedades dos nossos tempos. Como nos diz o documento, ao convocar este Sínodo, o Papa Francisco convida toda a Igreja a refletir sobre um tema que é decisivo para a sua vida e missão: O caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio.
Após a grande revolução industrial e tecnológica dos séculos XIX e XX, o terceiro milênio iniciou com grandes desafios com o advento das redes sociais e outras tecnologias e formas de comunicação. Porém, o grande impacto da pandemia do novo coronavírus, em toda humanidade, nos convida a uma grande reflexão, sobre a nossa existência, o cuidado com a dignidade da pessoa humana, escancarando as diferenças e abismos sociais e o problema da falta de cuidado com o meio ambiente.
Neste sentido, o sínodo convocado pelo Santo Padre, nos pede que retornamos ao caminho do diálogo, da escuta e da construção do Reino de Deus em unidade, sabendo de todas as diferenças e carismas que temos entre nós.
“A Nossa Diocese de Santo André com a condução do nosso pastor e Bispo Dom Pedro Cipollini, vive seu caminho de sinodalidade, “os discípulos do caminho” (cf. At 9,2; 19,9.23; 22,4; 24,14.22). Como igreja particular, devemos animar nossas paróquias, membros pastorais, todo o povo de Deus a se encantar e juntos construir um caminho de sinodalidade e diálogo fraterno entre irmãos”, enfatiza.
8. Autoridade e Participação
Uma Igreja sinodal é uma Igreja participativa e corresponsável. Como é que a nossa comunidade eclesial identifica os objetivos a prosseguir, a forma de os alcançar e os passos a dar? Como é exercida a autoridade ou a governação no seio da nossa Igreja local? Como pomos em prática o trabalho de equipa e a corresponsabilidade? Como e por quem são orientadas as avaliações? Como se tem promovido os ministérios laicais e a responsabilidade dos leigos? Tivemos experiências frutuosas de sinodalidade a nível local? Como funcionam os órgãos sinodais a nível da Igreja local (Conselhos Pastorais nas paróquias e dioceses, Conselho Presbiteral, etc.)? Como podemos promover uma abordagem mais sinodal na nossa participação e liderança?
9. Discernimento e decisão
Num estilo sinodal tomamos decisões através do discernimento do que o Espírito Santo está a dizer-nos através de toda a nossa comunidade. Que métodos e processos utilizamos na tomada de decisões? Como podem ser melhorados? Como é que promovemos a participação na tomada de decisões no seio de estruturas hierárquicas? Os nossos métodos de tomada de decisões ajudam-nos a escutar todo o Povo de Deus? Qual a relação entre consulta e tomada de decisões? E como as pomos em prática? Que instrumentos e procedimentos utilizamos para promover a transparência e a responsabilidade? Como podemos crescer no discernimento espiritual comunitário?
10. Formar-nos na sinodalidade
A sinodalidade implica receptividade à mudança, formação e aprendizagem permanente. Como é que a nossa comunidade eclesial forma pessoas mais capazes de “caminharem juntas”, de se ouvirem umas às outras, de participarem na missão e de se empenharem no diálogo? Na opinião da representante da Região São Caetano do Sul, Albani Evangelista Sais, para sermos capazes de “caminhar juntos” somos incentivados a partilhar nossas experiências de vida sob a luz do Espírito Santo.
“Todos os batizados iluminados pela Palavra e fundamentados na Tradição, podem ajudar a construir e a melhorar nossa caminhada. Assim como os Apóstolos de Cristo criaram coragem e evangelizaram, nós também conseguiremos vencer obstáculos e fazer nossa Igreja merecedora da Salvação”, aponta.
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Source: Diocese