O mandamento central do cristianismo é o mandamento do amor, deixado por Jesus e vivido por Ele. O amor se traduz na vida cotidiana em fraternidade e solidariedade. A fraternidade é a essência da vida cristã! É olhar e cuidar do próximo, acolher sem julgamento, doar sem interesse e sentir a dor do outro como se fosse própria. A fraternidade se baseia na fé de que Deus é pai de todos, por isso somos todos irmãos.
Neste ano, a Igreja no Brasil propõe mais uma vez a “Campanha da Fraternidade”. É uma reflexão a partir da Palavra de Deus sobre o tema crucial. Durante a quaresma somos chamados a refletir sobre esta questão, unindo fé e vida. O tema deste ano é “Fraternidade e Educação” e o lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor”.
Nesta época de agressividade e violência, as divisões estão presentes, e pior ainda, a desumanização, que leva muitas pessoas a se desesperarem. Isto tem origem na falta de educação digna para todos. Embora saibamos que educação é um direito, estamos longe de implementá-lo. O ser humano é a única criatura que deve ser educada, ele é aquilo que a educação faz dele, os animais são domesticados.
Educar é humanizar. Começa na família, passa pela escola e vai pela vida toda: somos todos aprendizes. A educação e o aprendizado promovem a vida e liberta a pessoa. Alguém disse que a distribuição desigual da renda no nosso pais, deriva da distribuição desigual da educação. No Brasil a falta de educação se reflete nesta quase “guerra civil” que vivemos, caracterizada pelo “nós contra eles”, pela agressividade com quem “não pensa como eu” e o desrespeito ao que é diferente. Precisamos educação de qualidade para todos, precisamos de vontade política de educar para a fraternidade, o diálogo e a convivência pacífica. Educar não é um ato isolado, é encontro no qual todos são educadores e educandos.
A Campanha da Fraternidade tem como grande objetivo, despertar a solidariedade dos fiéis e pessoas de boa vontade, em relação a um problema concreto da sociedade brasileira, a educação, buscando caminhos de solução a partir do Evangelho. A realidade da Educação nos interpela e exige profunda mudança. Verdadeira mudança de mentalidade. Busca de desenvolver o sentimento de pertença e cidadania. A maior parte das mazelas que atingem nossa sociedade, nosso Brasil é por falta de cidadania, dos que governam e dos que são governados, e esta, somente através do processo educacional é possível se desenvolver.
Alguns dados de nossa realidade brasileira, mostram que o Brasil é planejado para poucos: dez milhões de brasileiros sofrem com a insegurança alimentar, quatorze milhões de desempregados, duzentos mil vivem nas ruas, onze milhões são analfabetos. Se alargarmos o olhar perceberemos que no mundo hoje, existem trinta milhões de pessoas refugiadas: sem pátria, sem casa, sem comida e sem dignidade. Vivem na humilhação e abandono muitas vezes.
Por isso, o papa Francisco pede-nos a adesão ao “Pacto Educativo Global”, no qual a pessoa humana é considerada de modo integral, nas suas diferentes dimensões e realidades. Jesus ensina uma educação para o amor, fraternidade e justiça. É mais que urgente educar para a fraternidade, para ver e sentir o mundo como a nossa casa comum e ver todos como irmãos e irmãs.
Em nossa Diocese os agentes de pastorais estão implementando esta Campanha. Incentivo o coordenador da CF/2022 em nossa Diocese, Pe. Geraldo dos Santos, os agentes de pastorais em especial os padres e diáconos a promoverem e vivenciarem esta Campanha nas várias frentes de trabalho evangelizador de nossa Igreja. É o esforço e a contribuição da Diocese de Santo André, para que o Evangelho chegue a todos com sua proposta de educação para a fraternidade, geradora de cidadania, paz social, ordem e progresso.
* Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo de Santo André
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