Para estabelecer a paz na sociedade é preciso a política. Só existem duas maneiras de governar: com a política ou com o canhão, já dizia alguém. A palavra política vem do grego polis=cidade. Política é a arte de governar a cidade, a sociedade. É um conjunto de medidas articuladas, visando conseguir um objetivo que favoreça a população.
Uma política sadia, a verdadeira política, é a arte de trabalhar pelo bem comum. O bem comum compreende o conjunto das condições de vida social, que permite às pessoas, famílias e às sociedades atingir mais facilmente a consecução de seus fins.
É no dizer do papa Paulo VI, uma forma elevada de caridade, quando vivida como prestação de serviço à sociedade (cf. AO 24). O termo política se torna pejorativo quando se inspira na ideia de que o fim justifica os meios, separando assim a política da ética. De fato a política que faz bem ao povo, deve fundar-se na verdade, liberdade e solidariedade. Pergunta-se: a Igreja deve meter-se em política? Se nos referirmos à política como a arte do bem comum, sim. Mas se nos referirmos à política partidária, não. Cada um deve escolher seu partido conforme sua consciência.
O Concílio Vaticano II nos deixou esclarecido: “A Igreja, em razão de sua finalidade e competência de modo algum se confunde com a comunidade política e nem está ligada a nenhum sistema político. Porém ela é sinal e salvaguarda do caráter transcendente da pessoa humana. Cada uma em seu próprio campo, a comunidade política e a Igreja são independentes e autônomas uma da outra. Ambas, porém, embora por título diferente, estão a serviço da vocação pessoal e social das pessoas”(GS n. 76). O dever de participar na política é de todos os cidadãos, inclusive dos cristãos. Se a política é ruim, sem participação fica pior. E uma das formas de participar ao alcance de todos é o voto. Estamos às vésperas de eleições e é preciso se preparar para votar, e votar bem! Não se deve aceitar ser um analfabeto político, como o descreveu Bertold Brecht:
“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio dos exploradores do povo”.
Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo Diocesano de Santo André
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