A Diocese de Santo André foi criada pelo Papa Pio XII em 22 de julho de 1954, desmembrada totalmente da Arquidiocese de São Paulo. A sua instalação e posse do primeiro bispo, Dom Jorge Marcos de Oliveira, aconteceu em 12 de setembro de 1954, na Praça da Catedral Nossa Senhora do Carmo. O padroeiro da Diocese é o Apóstolo Santo André e da Igreja Catedral Nossa Senhora do Carmo.
A região geográfica da diocese é conhecida como Grande ABC Paulista. Seu território é formado por sete cidades: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Nos seus primeiros anos, nossa Igreja Particular era composta pela industrialização. Próxima a Rodovia Anchieta, que liga o planalto metropolitano com o litoral, as cidades acolheram a indústria automobilística e várias outras realidades industriais, tornando-se o maior polo industrial da América Latina. Acolheu muito imigrantes e vários migrantes, os trabalhadores de ontem e de hoje.
Mesmo diante do rápido desenvolvimento, a massa trabalhadora era marcada pela desigualdade social. Logo surgiram as primeiras favelas e problemas dentro e fora das fábricas. A ação da Igreja, sua presença junto do povo, foi o grande sinal do nosso compromisso de fé e vida. O primeiro bispo, Dom Jorge Marcos, ficou conhecido como o bispo dos operários, pela sua preocupação e sensibilidade com os trabalhadores, que nos primeiros vinte e cinco anos da diocese formavam 80% da população.
A Diocese, que no início tinha 320.000 habitantes e 16 paróquias, em 1975 somava 1.500.000 habitantes e 74 paróquias. Por motivo de saúde, Dom Jorge renuncia o ofício de bispo diocesano e toma posse dessa missão Dom Cláudio Hummes, OFM, que continua o processo de evangelização da igreja junto com o povo.
Tanto Dom Jorge como Dom Cláudio sofreram com os diocesanos os duros anos da ditadura militar (1964-1985). Ficou gravada na memória da região e de todo o Brasil a presença solidária da Igreja com os trabalhadores, as aplicações do Concílio Vaticano II, que convocou toda a Igreja a ser pobre e profética. Vários presbíteros e fiéis, animados pelos pastores, se envolveram na luta pela redemocratização do país. As famosas greves de 1978, 1979 e 1980 são marcos com o comprometimento da Igreja com o Reino de Deus e com a liberdade.
A ação pastoral de nossa Diocese é marcada pelo desejo de renovação desde a sua fundação. Podemos falar do protagonismo da nossa juventude da Ação Católica, principalmente com a Juventude Operária e a Juventude Universitária Católica. Com o grande acontecimento do Concílio, intensificou-se a formação do laicato, o surgimento das Comunidades Eclesiais de Base e a Pastoral Operária.
Os planos diocesanos de pastoral, a catequese renovada, a presença junto às famílias, o protagonismo da juventude, alimenta a nossa esperança no anúncio do Evangelho. Passados o primeiro e o segundo bispo, a realidade da diocese passa de industrial para comercial. Chega no ABC o saudoso Dom Décio Pereira, que governou a diocese de 1997 a 2003, animando nosso espírito missionário e introduzindo-nos no terceiro milênio da era cristã.
Dom Nelson Westrupp, SCJ, tomou posse em 30 de novembro de 2003, animando-nos na pastoral de conjunto em comunhão com a Igreja no Brasil. Edificou o grande edifício-sede da Mitra Diocesana, sinal do compromisso de nossas 99 paróquias e 246 comunidades em evangelizar com verdadeiro ardor missionário, inspirados no Documento de Aparecida.
Dom Pedro Carlos Cipollini, nosso atual bispo tomou posse em 26 de julho de 2015 e com seu jeito afetuoso e cativante está “em nome de Jesus” evangelizando o grande ABC Paulista.
Nossas cidades são muito populosas. Hoje somos quase três milhões de habitantes com forte presença católica. Do centro à periferia procuramos criar um diálogo para a promoção da dignidade da pessoa humana, alicerçados na solidariedade e na caridade pastoral. Muitas são as iniciativas sociais da diocese para formar jovens e crianças, promover a partilha e educar para a justiça.
Entre as cidades das casas e dos crescentes condomínios, vislumbramos ainda a beleza natural da Mata Atlântica no Alto da Serra, na histórica vila ferroviária de Paranapiacaba, onde estiveram os missionários carlistas dando origem a uma presença mais atuante da Igreja no ABC. A represa Billings, mesmo sofrendo com a poluição, ainda mostra sua beleza à caminho do litoral sul do Estado.
Na área da educação, muitos centros universitários vem se instalando na região, assim como a Universidade Federal do ABC. Sabemos que em questão de saúde, segurança e educação, embora muito tenha sido realizado, precisamos nos desenvolver para melhorar realmente a vida das pessoas.
O grande ABC, porta histórica para o jesuítas chegarem a metrópole de São Paulo, é uma igreja viva, acolhedora, que busca sempre mais dar razões à sua fé, renovando-se sempre para manter-se em constante estado de missão, animando às futuras gerações para assumirem seu batismo com alegria e anunciarem o Evangelho rumo ao Reino definitivo.
Texto: Pe. Felipe Cosme Sobrinho