FESTA DE SÃO LOURENÇO MÁRTIR
10 de agosto 2013 – Matriz Bom Jesus de Piraporinha – Diadema
Homilia – Dom Pedro Carlos Cipollini – Bispo de Santo André
2Cor 9,6-10 Jo12,24-26
Prezados irmãos e irmãs, caríssimos presbíteros aqui presentes, caríssimos diáconos e seus familiares, irmãos e irmãs.
Estamos reunidos aqui, com a “Família Diaconal” de nossa Diocese, para render graças a Deus pelo mártir que celebramos hoje, São Lourenço, e pelos diáconos de nossa Igreja Particular de Santo André. Os que a serviram no passado e que estão junto a Deus. E aqueles que estão hoje dando continuidade a este ministério.
Primeiro a Palavra de Deus! São Lourenço realizou em sua vida a Palavra de Deus que aqui foi proclamada: “… quem semeia com largueza colherá também com largueza”, escreve São Paulo na carta aos Coríntios (2Cor 9, 6). Ele não somente distribuiu aos pobres o necessário para a sobrevivência, ele mesmo São Lourenço se doou no serviço a eles, por isso Deus aumentou os frutos de sua justiça, ou seja, de sua santidade. E o Evangelho diz: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continuará somente um grão de trigo, mas se morre, então produz muitos frutos” (Jo12,24). São Lourenço seguiu Jesus, configurando-se a Ele no seu martírio e morte. Ele doou a vida, por isso, está glorificado com Jesus por toda a eternidade. A cruz, de fato, é a sua glória, o mistério de fecundidade, a vida da semente que morre! O grão de trigo ilumina a compreensão da vida entregue na morte como vida entregue para a salvação de muitos.
Para o cristão, o egoísmo, além de mortal é estéril. A caridade cristã nos obriga a defender a vida com nossa própria vida. Quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna.
Agora façamos memória do padroeiro dos diáconos, São Lourenço. O papa Sisto II designou o diácono espanhol, Lourenço, como coordenador dos diáconos de Roma. Durante a perseguição aos cristãos promovida pelo imperador Valeriano I (ano 257). Lourenço foi preso junto com o papa que foi logo martirizado. Lourenço, porém, foi martirizado dias depois, queimado vivo em uma grelha, por ter distribuído aos pobres todos os bens da Igreja de Roma que o Imperador esperava sequestrar. Seu martírio se tornou famoso e lendário devido à sua coragem, demonstração de fé e amor aos pobres. O exemplo de São Lourenço suscitou um batalhão de jovens generosos que se colocaram a serviço dos pobres na Igreja. Sua Basílica em Roma, erguida sobre seu túmulo, é um dos lugares mais significativo da época da perseguição aos cristãos na Roma antiga.
São Lourenço aparece nas narrativas de seu martírio como um campeão de fidelidade, obediência, caridade, sabedoria e heroísmo. Instado a entregar os tesouros da Igreja ao fisco do Imperador, ele responde que os pobres são o tesouro da Igreja, ou seja, a caridade é o verdadeiro tesouro da Igreja. Seguindo testemunhas de seu martírio, no derradeiro momento já morrendo todo queimado, exclamou: “Te agradeço, meu Senhor, porque mereci atravessar a porta de teu Reino”. São Lourenço viu na sua morte o coroamento de sua missão em favor da Igreja.
Por fim, olhemos os diáconos na Igreja hoje. Depois do Concílio Vaticano II foi restaurado o Diaconado Permanente (cf. LG 29) como existia na Igreja Antiga. Eles são ordenados para ajudarem o bispo e os presbíteros, através da missão entre os pobres, na pregação da Palavra e na Liturgia. Em um trecho esclarecedor assim fala o Concílio do diaconado: “Para a implantação da Igreja e para o desenvolvimento da comunidade cristã, são necessários ministérios diversos, que, suscitados pelo apelo divino no seio da mesma comunidade dos fiéis, devem ser encorajados e cultivados por todos com diligente cuidado; entre estes ministérios, há as funções dos sacerdotes, dos diáconos e dos catequistas.” (cf. AG 16).
Os diáconos recebem a missão de serem os sinais da presença de Cristo-Servo em sua Igreja. O diácono é “ícone vivente de Cristo Servo em sua Igreja”. A própria Igreja é servidora, impelida pelo Espírito Santo a conformar-se a Cristo “diácono”, ela é vocacionada a servir de modo diaconal. Nas Igrejas paulinas, já estavam presentes os diáconos como colaboradores dos bispos, ordenados “não para o sacerdócio, mas para o ministério”.
Em nossa Diocese foram ordenados diáconos desde a década de setenta, logo após o Concílio Vaticano II ter restaurado o Diaconado Permanente. Na carência de presbíteros, que sempre marcou nossa Igreja, os diáconos em muitos lugares atuaram com grande sacrifício, mas de modo eficaz para atender a população de católicos sem padres. Hoje também, o serviço diaconal ajuda nossa Igreja a ser mais eficaz na acolhida e missão.
Uma palavra de agradecimento a todos vocês diáconos. Obrigado por terem dito sim, por aceitarem trabalhar com alegria nas paróquias mais necessitadas, obrigado pelo vosso testemunho. Agradeço também as vossas famílias, em especial as esposas.
Pelo tamanho de nossa Diocese e sua população, são poucos. Precisamos divulgar e nos empenhar mais para multiplicar este ministério entre nós. Convido nossa Igreja a valorizar o serviço diaconal, convidar mais pessoas para serem ordenadas. Temos em nossa Diocese 44 diáconos permanentes. Destes, 7 são eméritos, 4 estão em licença por motivo de saúde, trabalho ou cuidado com a família, 32 estão na ativa. Tem um diácono que está nos ajudando, mas é da Igreja de Londrina, mora aqui temporariamente por motivo de trabalho. Enfim, são poucos, mas muito valiosos.
Convido nossos presbíteros para que aceitem e colaborem com o ministério diaconal porque faz parte da Igreja, tem fundamentação bíblica e apostólica, faz parte do legado do Vaticano II, é uma necessidade de nossa Igreja de Santo André.
São Lourenço interceda pelos diáconos. Sejam todos abençoados!
The post Homilia da Festa São Lourenço, diácono e mártir | 10/08/2023 first appeared on Diocese de Santo André.
Source: Diocese