MISSA DA NOITE DE NATAL – CATEDRAL
(Is 9, 1-3; Tt 2,11-14; Lc 2,1-14)
Chegamos a mais um Natal. Junto com o profeta Isaías exclamemos: “O povo que estava nas travas viu uma grande luz! Para os que habitam as sombras da morte uma grande luz resplandeceu”. Hoje a festa é de luz, libertação e de paz. Pois, o Reino deste menino é de Paz e não terá fim! Deixe que esta luz entre em sua vida e você terá a Paz. “Cristo é a nossa Paz”, escreveu São Paulo em uma de suas cartas (cf. Ef 2,14).
Deus iluminou esta noite santa com a luz de Cristo. Por isso, a alegria invade o mundo. Alegria porque ganhamos um presente de Deus: seu Filho que nos dá esperança. Hoje, celebramos o motivo de nossa esperança. Nosso mundo é tenebroso porque nele se espalham os conflitos e a violência, frutos do egoísmo e da soberba humana. Deus, porém, intervém para salvar o mundo: é isto o Natal!
Para nós católicos, Natal é a celebração do Mistério da Encarnação: Deus se fez homem! Isto nos traz a certeza de que Deus está conosco, por isso, podemos ter confiança no futuro.
O Evangelho anuncia o cumprimento desta profecia de Isaías. Deus amou tanto o mundo que enviou seu Filho para salvá-lo. Deus quer salvar e não condenar. Seu amor é infinito e para sempre. Jesus é o “sol de Justiça” como o chama o profeta Malaquias (cf. Ml 4,2). O próprio Jesus se apresenta como “luz do mundo” (Jo 8,12;9,5). No Natal, o Filho de Deus assume a condição humana. Ao encontrar-se nesta condição de fragilidade e sofrimento, Ele adquire a experiência humana de “compaixão” com a Humanidade e se torna solidário conosco.
Os pastores ao verem a grande luz, sentem medo, mas o anjo lhes diz: “Não temais. Eu vos anuncio uma grande alegria! Deus não quer nos trazer o medo, mas sim a paz e a alegria da salvação, da união com Ele, do amor infinito que agora, com Jesus, é possível para nós. Porque Ele é o caminho, a verdade e a vida.
Os pastores e todos nós ficamos chocados ao contemplar este menino Deus e rei do Universo, deitado em uma manjedoura, tendo como colchão a palha servida aos animais, envolto em faixas na pobreza mais simples e comovedora. Por que Deus fez isto? Meus irmãos, as circunstâncias históricas do nascimento de Jesus não são apenas uma crônica para matar a curiosidade, mas é um ensinamento de Deus para nós: a forma com a qual Jesus veio ao mundo já é uma mensagem para nós. O Filho de Deus nasceu em meio aos mais pobres. Para mostrar que Jesus não veio para buscar um poder humano de honra e força, um reino de grandezas humanas. Ele é rei do Reino do Amor. Ele veio codividir nossa existência humana, a sorte das pessoas mais humildes e pobres do mundo.
Diante da grandeza do mistério do Deus encarnado, a atitude da Igreja é de admiração, louvor, agradecimento e contemplação. Natal é festa de união e encontro das famílias e dos amigos. Porque o Céu se une à Terra. Estamos aqui porque não nos esquecemos do aniversariante neste dia de seu aniversário. Queremos celebrar esta graça, esta glória que apareceu diante de nós!
Acenda uma luz para Jesus e deixe que Ele ilumine seu coração. Acender uma luz para Jesus é ter uma modo de vida como recomenda São Paulo na segunda litura: “abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade, aguardando a feliz esperança e a manifestação da glória de nosso grande Deus e salvador Jesus Cristo”.
Celebremos o Natal à luz da fé, aquela fé que os pastores tiveram. Aquela fé que Maria e José tiveram para acolher o menino. É a fé que brilha como a estrela na escuridão e indica o caminho da vida verdadeira. É a fé que nos faz permanecer firmes com Jesus, muitas vezes sem entender os desígnios de Deus em nossas vidas.
Perseveremos nesta fé e teremos paz: teremos Jesus. Feliz Natal!
Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Santo André
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