MISSA DO DOMINGO MOSTEIRO DE SÃO BENTO EM SÃO PAULO – 5/9/2021
Festa do Aniversário da Dedicação
Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção de São Paulo – SP
1Rs 8,22-30; Ap 21, 1-5; Mt 16,13-19
Prezados irmãos e irmãs no santo Batismo, Sr. Administrador Apostólico desta Abadia Frei Evaldo Xavier Gomes Ocam, srs. Religiosos deste ilustre Mosteiro, e religiosas, e fiéis aqui presentes.
Em toda diocese é prescrito que a dedicação da igreja catedral seja celebrada como festa em toda a extensão da diocese. E hoje, é aniversário da dedicação da Catedral Metropolitana de São Paulo que está bem aqui perto. Isto nos remete à reflexão sobre o tema do templo de Deus, morada de Deus, lugar santo e sagrado de encontro na fé e esperança.
A catedral de uma diocese é a igreja principal, onde o bispo tem sua cátedra, cadeira magisterial. A catedral simboliza toda a Igreja Diocesana, na sua existência voltada ao louvor e glória de Deus, finalidade última do culto e da missão evangelizadora da Igreja. E por conseguinte simboliza a Igreja toda.
O tema do templo de Deus trata da presença de Deus no meio do seu povo, e da possibilidade de se encontrar com Deus. Deus está no meio de nós hoje? Deus abita esta cidade? Parece que não, devido a tantas coisas tristes que acontecem. Mas ele está. E é Ele que nos promete uma transformação total de nossa realidade, para que sua presença seja perfeita e gloriosa.
A primeira leitura nos fala do encontro com Deus, não simplesmente da presença de Deus no meio de nós, mas do nosso encontro com Ele. No AT Deus descia do céu até o templo, para estar entre o Povo, e se manter presente em seu meio. Sua presença era circunscrita ao templo.
Em Jesus Cristo esta presença se torna total e perene. Esta presença de Deus Pai no meio de nós é tão forte, que é Ele que inspira S. Pedro a reconhecer em Jesus o seu Filho, o messias, como nos narra o Evangelho. Jesus após a revelação do Pai a Pedro, escolhe e confirma Pedro como o primeiro entre os apóstolos.
Deus está em Jesus habitando entre nós para sempre, somos nós as pedras vivas da construção de Deus, cuja pedra angular é Jesus Cristo. Nele somos um povo santo, consagrado, para que toda a humanidade seja santificada como morada e habitação de Deus. Ele está presente sobretudo em nosso coração que é sua verdadeira morada: O Reino está dentro de vós!
A segunda leitura nos fala que no fim dos tempos não se precisará de um lugar específico para adorar a Deus, pois toda a humanidade redimida será como que uma morada, um templo de Deus: Deus será tudo em todos. É um novo céu e uma nova terra. Não tem mar, que é morada do Leviatã, representação do mal e do inimigo. O mundo velho do pecado acabou.
Se antes a Babilônia era a capital do mundo velho do pecado, agora a Nova Jerusalém é a capital do mundo novo da graça vitoriosa. A Babilônia estava montada na Besta imagem do Maligno. A Jerusalém celeste vem do alto, é dom de Deus e é esposa do Cordeiro Divino. Esta nova realidade da redenção, operada por Cristo, tem a aparência de uma noiva, enfeitada para seu esposo. É a nova aliança, na qual Deus em Cristo esposa a humanidade redimida, para habitar sempre com ela. Deus faz nova todas as coisas.
“Aquele que está sentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). É esta a promessa de Deus, nela esta nossa esperança. É isto que celebramos na nossa liturgia que se desenvolve nos templos, como fazemos aqui agora, e como se faz de forma ímpar na igreja catedral, com o bispo e seu presbitério reunido com os fiéis.
É com base nesta promessa que nós vivemos como igreja da acolhida e da missão, levando o Evangelho ao mundo e sendo como que um sinal levantado entre as nações (cf. LG 1). Sinal da justiça de Deus e da libertação definitiva.
A Igreja é o Povo de Deus peregrino na fé e na esperança. Esta esperança é celebrada em nossos templos. Mas sobretudo é vivenciada com a prática do amor. É o amor que torna Deus presente no meio de nós. É o amor que apressa a descida do alto, da Nova Jerusalém. É o amor vivido entre nós no seguimento do Cordeiro, que faz presente a glória de Deus em nosso meio. Porque o amor é a morte da morte e a vitória da vida.
Amém!
Dom Pedro Carlos Cipollini
Source: Diocese