“Acolher, proteger, promover e integrar!” Quatro verbos em favor dos migrantes inspirados na mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, celebrado em 2018, recordam a missão e a trajetória da primeira igreja criada na cidade andreense, a Matriz de Santo André, que comemorou 110 anos de história na noite de terça-feira (21/12), durante a celebração eucarística que reuniu membros de pastorais, movimentos, associações e fiéis leigos no templo católico localizado na Vila Assunção, bairro da região central de Santo André.
A Igreja Matriz de Santo André conserva em suas raízes, desde a sua criação (no dia 21 de dezembro de 1911, por meio do decreto do arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva (1867-1938) – a região pertencia à Arquidiocese de São Paulo e a Diocese de Santo André seria criada somente em 1954), o carisma da Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos), fundada pelo beato João Batista Scalabrini (1839-1905), no final do século XIX.
Carisma scalabriniano
Esse carisma é sintetizado nas palavras do pároco anfitrião Pe. Jean Dickson Saint-Claire, que presidiu a missa e reproduz também o itinerário centenário da Paróquia Santo André: “Somos sujeitos missionários. Os novos fluxos migratórios nos chamam a atenção. Por isso, a nossa comunidade paroquial é mais do que nunca viva na região, na diocese, como igreja que tem um carisma específico, o carisma da nossa congregação. Cuidar dos imigrantes, defender os imigrantes, proteger os imigrantes, celebrar com os imigrantes é o nosso carisma. É o que com certeza os primeiros missionários fizeram e hoje, os mais recentes continuam fazendo”, ressalta. Ao final da celebração, os vereadores de Santo André, presidente da Câmara Municipal, Pedrinho Botaro, e Marcos Pinchiari, entregaram uma placa comemorativa dos 110 anos da Igreja Matriz de Santo André como uma homenagem de todo o legislativo andreense. Na saída da igreja, uma queima de fogos marcou o encerramento das comemorações.
Casamento inesquecível
Membro da Pastoral do Migrante, o aposentado Antônio Carlos Botani, 70 anos, frequenta a Matriz de Santo André desde a infância. “Fui batizado, fiz primeira comunhão, fui crismado aqui, fiz curso de noivos e casei aqui”, relembra Botani. “Meu pai Eugênio Botani sempre me levava nas missas e nos eventos da Igreja para beijar a mão do padre Primo (Bernardi, na década de 1950). No entanto, o matrimônio é algo que ficou marcado para sempre. “Casei com missa numa quinta-feira e por surpresa minha, a Igreja lotou! Foi muito legal. Até hoje me emociono”, confidencia Botani, que casou com Amábile de Lourdes Milani Botani, no dia 10 de julho de 1975, com quem tem um filho: Eduardo Carlos Botani.
Comunicação na pandemia
Agente da Pascom (Pastoral da Comunicação), o estudante Guilherme Enrique Kuszlewicz, 17 anos, começou a participar da Matriz de Santo André quando fez a catequese para receber a Primeira Comunhão. Porém, recentemente, sentiu no coração que poderia contribuir com os trabalhos da igreja na área da comunicação. “Desde o início da pandemia comecei a ajudar na transmissão das missas. Isso é muito gratificante. Gosto de estar trabalhando em prol da comunidade”, destaca.
Cultura do acolhimento
Da Congregação das Irmãs Beneditinas da Divina Providência, Irmã Eliene Lima, 45 anos, que atua pastoralmente na Igreja Matriz de Santo André desde o ano de 2004, avalia o simbolismo da cultura da espiritualidade do acolhimento da primeira igreja criada na cidade. “Tantos testemunhos de pessoas que foram batizadas, casaram aqui, outras que fizeram catequese. Então é uma igreja que carrega um significado muito grande para todos nós. Faz parte da vida de muitas pessoas. Um lugar cheio de história e onde as pessoas fortalecem a fé. E ela continua com a sua missão de evangelizar, de acolher os migrantes, de acolher a todos, que é o carisma dessa igreja, dos padres scalabrinianos que aqui estão presentes desde a origem e desde os primeiros migrantes italianos que aqui chegaram”, comenta a religiosa.
Padroeiro da Diocese e do município
Santo André, cuja primeira igreja da cidade foi dedicada a um dos doze apóstolos de Cristo, se tornou oficialmente padroeiro do município andreense no dia 22 de novembro de 2019, após sanção da Lei Municipal 10.243/2019. A festa do padroeiro da Diocese de Santo André, e agora do município, celebrada sempre no dia 30 de novembro, também integra o calendário oficial de eventos da cidade.
Aniversariante no mesmo dia
A Matriz de Ribeirão Pires, Paróquia São José, também completou nesta mesma data, 110 anos de sua criação. Também administrada pelos padres da Congregação dos Missionários de São Carlos, a igreja conta atualmente com cinco comunidades/capelas (Santa Cruz, São Francisco de Assis, Imaculada Conceição, Nossa Senhora do Carmo e João Batista Scalabrini) e várias pastorais, movimentos e associações que estão na ativa em toda a área paroquial.
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Source: Diocese