Mensagem da CNBB para o Dia da Pátria 2021 (7 de setembro)
(Transcrição do vídeo do presidente Dom Walmor Oliveira de Azevedo)
O Dia da Pátria, 7 de setembro, deve inspirar cada brasileiro a reconhecer que somos todos irmãos. Somos irmãos, inclusive, daqueles com quem não concordamos. É preciso contemplar essa verdade, deixá-la reconfigurar a nossa interioridade, pois o Brasil está sendo contaminado por um sentimento de raiva e de intolerância. Muitos, em nome de ideologias, dedicam-se a agressões, ofensas, chegando ao absurdo de defender o armamento da população. Ora, quem se diz cristão ou cristã deve ser agente da paz, e a paz não se constrói com armas. Somos todos irmãos!
Essa verdade sublinhada pelo Papa Francisco na Carta Encíclica Fratelli Tutti deve inspirar o nosso cuidado com os que sofrem. A fome é realidade de quase vinte milhões de brasileiros. Aquele pai que não tem alimento a oferecer para próprio o filho é seu irmão, nosso irmão. Do mesmo modo, a criança e a mulher feridos pela miséria são suas irmãs, nossas irmãs, são nossos
irmãos e nossas irmãs. Não podemos ficar indiferentes a essa realidade que mistura o desemprego e a alta inflação, acentuando gravemente exclusões sociais. São urgentes políticas públicas para a retomada da economia e a inclusão dos mais pobres no mercado de trabalho.
Nesse Dia da Pátria o nosso olhar deve voltar-se com maior atenção para os que estão sofrendo, os indígenas, os povos originários. A nossa pátria não começa com a colonização europeia. Nossas raízes estão nas matas e nas florestas, sinal claro ensinando que a relação com o planeta deve ser pautada pela harmonia. Os povos indígenas, historicamente perseguidos,
dizimados, enfrentam grave ameaça. A pressão de um poder econômico extrativista, ganancioso, tudo faz para exaurir nossos recursos naturais. Esse poder tenta manipular instâncias de decisão, alterar marcos legais, para avançar sobre terras indígenas, dizimando a natureza, os povos originários e a sua cultura.
É dever cristão estar sempre ao lado dos pequeninos, dos que sofrem, defender os índios e as suas culturas. Em profunda sintonia com essa missão, somos convocados a mudar hábitos, pois as mudanças climáticas são uma realidade. O consumo desmedido alavanca o modelo econômico devastador, que leva ao aquecimento global. Os cientistas alertam para a gradativa queda do volume de agua nos mananciais de nosso país. A exploração desmedida e irracional do solo, com a derrubada de florestas está levando à escassez de água nas nossas torneiras. Não podemos deixar que o Brasil, reconhecido internacionalmente por ser rico em recursos naturais, seja devastado, torne-se terra arrasada.
O ponto de partida é adotarmos hábitos mais conscientes de consumo. Devemos também exigir das autoridades que façam valer a lei, fiscalizem, pois, os bens da natureza são para o bem de todos e não para pequenos grupos movidos pelo egoísmo.
O dia 7 de setembro contribua para inspirar no seu coração o compromisso com o exercício qualificado da cidadania. A participação cidadã na política, reivindicando direitos com liberdade está diretamente relacionada com o fortalecimento das instituições que sustentam a democracia.
Por isso, não se deixe convencer por quem agride os poderes legislativo e judiciário. A existência de três poderes impede totalitarismos, fortalecendo a liberdade de cada pessoa. Independentemente das suas convicções político-partidárias, não aceite agressões às instituições que sustentam a democracia. Agredir, eliminar, hostilizar, ignorar ou excluir são verbos que não combinam com uma democracia que busca cada vez mais se consolidar.
Neste 7 de setembro, quando muitas manifestações prometem ocupar as ruas de cidades brasileiras, faço um pedido: respeite a vida e a liberdade de seu semelhante! Aquele, com quem você não concorda, também é amado, tem uma família que aguarda a seu retorno com segurança. É seu irmão, parte da nossa grande família humana. As desavenças não podem justificar a violência.
A intolerância nos distancia da justiça e da paz, afasta-nos de Deus. Somos todos irmãos! Dia da Pátria, 7 de setembro: rezemos juntos para que o Brasil o caminho novo para superar as suas crises, e junto com o mundo, vença essa pandemia. Rezemos especialmente pelas vítimas da COVID-19, mal que ainda nos ameaça, e que vamos superar com o fundamental apoio da ciência.
Por isso, é importante que cada pessoa procure se vacinar e respeitar as medidas de segurança fundamentais para se evitar a propagação da doença. Vacinar-se é, ao mesmo tempo, cuidar de si e do outro, dificultando a circulação da COVID-19. É um compromisso ético, uma tarefa cristã.
Renovemos a esperança de que o nosso futuro será melhor, recordando importante ensinamento do nosso Papa Francisco: “o bem não é conquista definitiva, mas uma construção permanente, demandando a nossa dedicação a cada dia”. Assim, diariamente, nas nossas famílias, nos nossos ambientes casa, trabalho e escola, busquemos construir o país que sonhamos, nunca
perdendo esse horizonte: somos todos irmãos!
A amada Mãe Maria, Nossa Senhora Aparecida, rainha e padroeira do Brasil, interceda por você, por sua família, e por nosso Brasil. Deus abençoe sempre!
Assista ao vídeo:
Fonte: CNBB
Source: Diocese