O título “Maria, Mãe da Igreja”, embora já utilizado por Santo Ambrósio no século IV, voltou a ser utilizado como um dos frutos do Concílio Vaticano II. No debate sobre o lugar de Maria na Igreja, por vezes, se chegou a pedir que aparecesse no capítulo 8 da Lumen Gentium – que trata exatamente sobre “a bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, no mistério de Cristo e da Igreja – o título “Maria, Mãe da Igreja”, o que não aconteceu, embora haja referências, como “Mãe dos homens” (LG nº 69).
Todavia, mesmo não aparecendo o título “Maria, Mãe da Igreja” na Lumen Gentium, podemos dizer que, de alguma forma, esse título está ligado ao documento, visto que o papa Paulo VI, no discurso de encerramento da terceira sessão do Concílio, o promulga como título honorífico, como podemos ver: “para glória da Virgem e para nosso conforto, proclamamos Maria Santíssima “Mãe da Igreja”, isto é, de todo o Povo de Deus, tanto dos fiéis como dos pastores, que a chamam Mãe amorosíssima; e queremos que, com este título suavíssimo, seja a Virgem doravante honrada e invocada por todo o povo cristão” (São Paulo VI, discurso de encerramento da 3ª sessão do Concílio Ecumênico Vaticano II).
As referências para a declaração desse título se dão através da interpretação das Escrituras, assim como da utilização por parte dos fiéis. Se considerarmos que o discípulo amado, que aparece em Jo 19, 26-27, é figura da comunidade cristã, então, pode-se dizer que Maria é Mãe da Igreja. Ainda, se considerarmos que os cristãos são membros do único corpo de Cristo, como afirma São Paulo em 1 Cor 12, 27 e Ef 4,4.12.15-16, podemos dizer que, sendo Maria a Mãe de Cristo, é também Mãe de seu Corpo, que é a Igreja.
O título, portanto, reconhece o valor e o papel de Maria no projeto salvífico de Deus e a coloca como tipo da Igreja, que, para crescer em santidade, tem em Maria o seu modelo. A presença da mãe de Jesus no cenáculo, no dia de Pentecostes, torna-se significativa: Maria, a cheia do Espírito Santo, se faz presente no mistério da Igreja, em Pentecostes, como esteve presente no mistério da encarnação e no mistério pascal (CANTALAMESSA. Maria: um espelho para a Igreja, p 153). Ainda, como afirma Raniero Cantalamessa: “Maria, que debaixo da cruz se mostrou como Mãe da Igreja, aqui, no Cenáculo, mostra-se como sua madrinha… A madrinha, para poder desempenhar essa função, deve ser alguém que já recebeu o batismo. Era o caso de Maria: uma batizada pelo Espírito, que agora apresenta a Igreja para o batismo do Espírito” (CANTALAMESSA. Maria: um espelho para a Igreja, p 153).
Artigo por Pe. Dayvid da Silva, publicado no ABC LItúrgico
(Paróquia Imaculada Conceição – Região Pastoral Diadema)
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