No primeiro Dia de Finados com o retorno das celebrações após a flexibilização das atividades religiosas durante a pandemia, milhares de fiéis participaram durante a terça-feira (02/11), das 31 missas realizadas em 13 cemitérios das dez regiões pastorais da Diocese de Santo André, no Grande ABC. Os locais das celebrações adotaram todos os protocolos sanitários de distanciamento social, uso de máscaras e álcool em gel. O bispo diocesano Dom Pedro Carlos Cipollini presidiu duas missas no dia de Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos: durante a manhã, no Cemitério das Lágrimas, em São Caetano do Sul, e no período da tarde, no Cemitério Municipal de Diadema.
A morte é a porta para entrar na verdadeira vida
Em sua homilia, o bispo prestou solidariedade às pessoas que perderam seus entes queridos e amigos neste período da pandemia, que já apresenta melhora graças à vacina e aos cuidados no dia a dia, como o uso de máscaras.
“A primeira leitura (2Mc 12,43-46) diz que é uma coisa boa rezar pelos falecidos. É algo que agrada a Deus e às vezes é o único presente que podemos fazer por eles, principalmente por tantos que morreram nesta pandemia, que nem sequer pudemos ver, nem enterrar e nem fazer as orações. Então, aqui estamos rezando, pedindo por eles, na certeza de que a misericórdia de Deus nos acolhe na eternidade, porque a vida não termina com a morte. A morte é a porta que nós passamos para entrar na verdadeira vida”, disse Dom Pedro, na celebração realizada no cemitério de Diadema, que contou com as presenças do pároco da Paróquia Cristo Rei, Hamilton Gomes do Nascimento, do administrador paroquial, Jailson José dos Santos, do secretário episcopal, Pe. Camilo Gonçalves de Lima, do prefeito José de Filippi Júnior, e demais autoridades públicas.
O amor se traduz em gestos concretos
Dom Pedro também refletiu sobre a mensagem do apóstolo São Paulo, na segunda leitura (2Cor 5,1.6-10), quando diz que: “em Cristo Jesus, todos nós somos vocacionados para a ressurreição. O que é ressurreição? Não é uma pessoa que morre e volta. A ressurreição tem uma imagem bíblica que nos ajuda a compreender o que é: você vê uma semente, ela morre e dentro dela nasceu uma árvore, uma semente de eucalipto tão pequenina, mas quando ela se desfaz, dentro dela surge uma árvore enorme, que a gente não imaginava. Assim também nós, com a morte, ganhamos de Deus um corpo espiritual que brota dessa semente do que somos aqui na terra”, analisa.
Por fim, ao meditar sobre o Evangelho (Mt 25,31-46), Dom Pedro diz que o importante no momento de nossa morte não é a beleza, a sabedoria e a riqueza, mas sim o amor que vivemos para com Deus e para com o próximo. “Jesus diz que o amor não é um romantismo, uma palavra emocionada, mas uma prática que se traduz em gestos concretos de ajuda, de serviço aos irmãos”, salienta o bispo, ao falar da necessidade de promover a vida por meio das obras de misericórdia e da solidariedade. “Com gestos pequenos que Deus assume e transforma em gestos grandiosos. Como diz o ditado antigo: quem dá aos pobres, empresta a Deus”, completa.
“Um dia vou reencontrar meus entes queridos”
Há mais de 20 anos, os pais de Durvalina da Conceição Otávio, 57 anos, partiram para a Casa do Pai. “Para mim, o Dia de Finados é um dia triste, mas ao mesmo tempo um dia para refletir bastante sobre entes queridos. É doloroso perder os pais, mas confiante que eles estão nas mãos de Deus, e que de lá de cima estão olhando por mim”, acredita a dona de casa, ao falar do pai Vicente Otávio, vítima de infarto fulminante, e da mãe Doralice Quintino Otávio, que era diabética. “Deixo uma mensagem para as pessoas que perderam entes queridos nesta pandemia, que tenham fé em Deus e acreditem que a vida não terminou e continua ao lado de Deus Pai Todo Poderoso. Lembrem dos momentos felizes”, indica. “Tenho esperança que um dia vou reencontrar meus entes queridos”, complementa.
“Eu acredito na ressurreição”
Participante da Missão Belém, o vendedor de automóveis Elias Mendonça de Queiroz, veio rezar pelos pais Francisco e Amélia, e pelas irmãs Eliana e Elisete, que já se encontram na glória do Pai. “Hoje não é um dia de tristeza. Hoje é um dia de vitória, porque eles estão na glória. Eu acredito na ressurreição”, enfatiza. Para ele, as lágrimas fazem parte deste dia, ao recordar dos familiares, mas que os cristãos acreditem na vida eterna. “A ressurreição é tudo para nós. É a vitória de Cristo sobre a morte”, frisa.
Presença em todos os anos
Moradora do Bairro Serraria e paroquiana da Paróquia Nossa Senhora das Graças, a aposentada Maria Deise Godói Jaquino, 72 anos, visita o Cemitério Municipal de Diadema todos os anos no Dia de Finados. “Fico aqui o dia todo, rezando o terço pela memória dos meus parentes. Só saio daqui quando a missa da tarde termina”, confidencia, ao recordar dos pais falecidos (Francisco Godói, aos 101 anos, e Josefa Rosa, 91 anos) e do marido (José Alpino, 58 anos). “Rezo também pelo conforto e saúde das pessoas que perderam seus entes queridos nesta pandemia”, comenta.
Fotos: Kelly Cristina Batista – Pascom da Paróquia Nossa Senhora das Graças (São Caetano) e Paulo França – Pascom da Paróquia Imaculada Conceição (Igreja Matriz de Diadema)
Source: Diocese