No início do tempo da quaresma, a Igreja no Brasil traz temas para ser meditado na Campanha da Fraternidade durante todo ano.
Sabemos também que é um tempo propício para fazermos uma revisão em nossas vidas, corrigir o que está errado e melhorar o que está correto.
Devemos meditar sobre os sofrimentos de Jesus, não nos esquecendo que sua mãe também teve que suportar dores, pois quando um filho sofre, sua mãe sofre.
As dores em Maria, por causa de seu filho Jesus, iniciou logo após a visita que fez a sua prima Isabel, quando foi a sua procura para ajudá-la e onde permaneceu por três meses. Após o nascimento do filho de Isabel, Maria retornou para sua casa.
Ao retornar, começa a sentir as consequências que o seu “sim a Deus” lhe causou, mesmo diante de tantas dores, sempre foi fiel ao seu compromisso, sempre confiou, sabia que Deus nunca a abandonaria. Como seu corpo já mostrava os sinais da gravidez, passou a sofrer com rejeições dos parentes e amigos, a desconfiança de seu noivo, José, pois naquela época a gravidez antes do casamento era motivo de vergonha para todos e ele sabia que não era dele o filho que Maria estava esperando, mas por ser um homem justo não queria que ela fosse julgada, pensou até em fugir. Mas quando Deus chama, Ele cuida! José foi avisado em sonho, por um anjo, que Maria havia concebido por obra do Espírito Santo. Confiante, ele assume a paternidade do próprio Filho de Deus e Maria por sua esposa.
Com o nascimento de Jesus, Maria passa pelas dores da rejeição da sociedade, ao ver seu filho nascer em uma manjedoura, no meio de animais. Momentos de dores, mas de muita alegria, pois o próprio Deus se tornou um de nós. O Divino se tornou Humano.
Na apresentação de Jesus no templo, houve a profecia de Simeão “uma espada de dor transpassará sua alma!” Palavras que guardava em seu coração.
Na fuga para o Egito, as dores por deixar tudo que possuíam, viver longe dos amigos e parentes, livrando o Menino da perseguição de Herodes.
A perda do Menino, que foi encontrado no templo com os doutores da lei, foi motivo de desespero e dores angustiantes.
Após longo período de silêncio, começa a missão pela qual seu filho tornou-se um de nós. O poder da época, não entendendo sua mensagem, o condenou a morte.
A espada da dor transpassou sua alma ao encontrar seu filho ferido e ensanguentado, com uma coroa de espinhos na cabeça, levando nos ombros uma pesada cruz, ela nada pôde fazer.
Jesus vê sua santa mãe, aflita e desolada, e não pôde consolá-la, não falam mais os lábios, agora quem fala é o coração: “minha mãe, minha pobre mãe; meu filho, meu querido Jesus”. São palavras que traduzem um oceano de afeto e de dor, são duas vítimas inocentes, unidas pelo mesmo sacrifício, que é a salvação da humanidade.
A dor de ver seu filho sendo pregado e suspenso no madeiro da cruz, Aquele que é o Criador do céu e da terra, não está mais nem no céu nem na terra, mas no alto de uma cruz, Aquele que anunciou a liberdade, agora está preso por apenas três pregos.
A mãe sente a dor da amargura, quando seu filho com a boca ressecada grita: “tenho sede” e colocam em sua boca, vinagre e fel.
Quando Jesus diz “está tudo consumado” e, gritando, diz “Pai em tuas mãos entrego o meu espírito”, a espada da dor partiu seu coração em pedaços. Parecia que tudo havia terminado, tudo estava acabado!
Ao descer Jesus da cruz, entregaram em seus braços, agora não mais aquele menino lindo da manjedoura de Belém, mas um corpo de homem sem vida, todo ferido e ensanguentado. Ela inclina-se sobre o filho morto e chora sem ter consolo.
A dor do abandono, pois todos fugiram, resta agora algumas mulheres e o discípulo, a quem Jesus entregou sua mãe aos seus cuidados.
Hoje, Maria das Dores vem em socorro das mães que sofrem as dores ao verem seus filhos se perdendo nas drogas, presos, sendo assassinados, as dores do abandono pelo poder público, por deixar faltar quase tudo às tantas famílias carentes.
Apesar de tanto sofrimento, veio a alegria da ressurreição. Hoje, coroada como rainha do céu e da terra, cuida das nossas dores, olhando e intercedendo por nós do alto dos céus.
Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!
Gerson Xavier Beneti
Coordenador do Apostolado da Oração