“Ao levantarem as mãos ungidas e, em seguida, ouvirem as palmas de uma assembleia emocionada, os mais novos sacerdotes da Diocese de Santo André, Pe. Camilo Gonçalves de Lima e Pe. Hamilton Gomes do Nascimento, receberam como graça de Deus a concretização da etapa mais importante da vida deles,” assim relembramos o dia da ordenação presbiteral do Padre Camilo Gonçalves e Hamilton Gomes, que aconteceu dia 27 de Maio de 2017 na Catedral Nossa Senhora do Carmo, em Santo André.
Se continuarmos na retrospectiva de cinco anos atrás, podemos mencionar a fala de cada um sobre a emoção vivida, Padre Camilo cita sobre o levantar das mãos ungidas sobre o povo, e de como Deus pode agir através de seu ministério. Padre Hamilton dizia não ser merecedor desse presente, mas que se sentia muito feliz em poder ajudar na obra do Senhor.
E hoje? Qual o sentimento após cinco anos de vida presbiteral? Como cada um seguiu e sentiu o caminho que Deus quis para cada um?
Vamos juntos com eles relembrar cada sensação sentida nesses cinco anos de presbitério:
Pe. Camilo Gonçalves– “Eu vim para que tenham vida” (Jo 10, 10)
“Estar completando 5 anos de vida presbiteral é perceber que o tempo passa, e nosso olhar para o sentido da vida vocacional não muda, mas a cada ano é preenchido pela partilha de entre os mais experientes na vida de fé e, principalmente, com o próprio Deus quando aprofundamos dia a dia a nossa vida espiritual. Ah! precisamos aprender a Amar!
Acho que ainda temos muito que nos esforçar para compreender o que é o Amor de Deus. Muitas das vezes até sabemos teoricamente o que é, mas nos esbarramos no como; como viver este Amor?
Posso dizer que o processo de maturidade humana resvala em muitas dimensões: maturidade espiritual, maturidade afetiva, maturidade intelectual, maturidade emocional etc. Claro, que é a vida de fé que dá sabor a tudo, porém, somos convidados a baixar a guarda para Deus, para o Amor de Deus!
Sugiro que façamos a experiência de discernir a vida vocacional sempre à luz da santidade e com os pés no chão. Às vezes, somos tentados a achar que santidade é sinônimo de perfeição, o que assim nos deixa longe de alcançar, pois vai sempre parecer que só é possível para alguns.
Então, que o seminarista possa galgar, neste itinerário de discernimento vocacional à vida presbiteral, o sentido verdadeiro da santidade. Sendo quem ele é, sem medo de ter que ser corrigido, lapidado, mas reconhecendo que a vida presbiteral é construída caminhando. E que neste caminhar três “instrumentos” são importantes: simplicidade, honestidade e desapego.
A simplicidade para dar passos tranquilos, a honestidade para que saibamos reconhecer nossos acertos e erros e o desapego de tudo, inclusive do próprio Deus, pois sem apego faremos a experiência verdadeira do Seu amor. Amando a Ele através das outras pessoas naturalmente.”
Pe. Hamilton Gomes – “Eu te louvo, Pai, Senhor do Céu e da Terra” (Mt 11, 25b)
“Fui ordenado presbítero no dia 27 de maio de 2017. É até meio estranho pensar que já completo os primeiros cinco anos de sacerdócio. Inicialmente essa parecia uma data tão distante, mas… o tempo passa e quando bem gasto passa até rápido. Nesses anos exerci várias funções, algumas mais extensas, algumas de forma emergencial para ajudar a diocese por alguma circunstância. Administrei a Paróquia São Felipe Apóstolo de Mauá entre 15/06/2017 e 03/06/2019, nesse meio tempo, enquanto estava em Mauá coordenei a redação do Folheto ABC Litúrgico, fui Coordenador Diocesano de Liturgia, acompanhei a ENS Rainha das Famílias, assessorei na região Mauá a juventude e fui vice-reitor da casa de formação filosófica. Desde 03/06/2019 estou como pároco da Paróquia Cristo Rei de Diadema, aqui em Diadema ajudei a PASCOM regional e desde 04/08/2019 estou como reitor da casa de formação filosófica. Desde 2021 ajudo o Sub Regional nos trabalhos da OSIB – Organização dos Seminários e Institutos do Brasil. Houve também trabalhos menos formais, como a redefinição dos territórios de todas as paróquias da diocese, processo que durou 3 anos; a ajuda na comissão dos 65 anos da Diocese, a secretaria do Conselho de Formadores.
Acima está o que institucionalmente fiz e faço nestes cinco anos. Adiante, me recordo das “alegrias e sofrimentos”, tal como se reza na oração da Mãe Rainha, que colocamos “em suas mãos maternais”. Alegrias foram muitas, que se fosse enumerar seria complexo, tanto em hierarquia quanto em valor, houve valiosos momentos pequenos e grandes, como as unções em hospitais, unções de melhora e de despedida, os processos de crescimento das pessoas, superando suas debilidades pela fé e pelas orientações, o cuidado com as comunidades, as “loucuras missionárias”, quando me enfiei em lugares difíceis e em situações difíceis para resolver problemas, alguns problemas muitas vezes tão antigos. A alegria de poder levar a luz de Jesus no meio da pandemia, quando as pessoas estavam desesperadas, neste momento tive a graça de conhecer todas as ruas e vielas de minha paróquia. A alegria de retornar ao ambiente formativo, que tanto me edifica também.
Como dificuldades, angústias, retrato somente a angústia tradicional do pastor, de ver muitas ovelhas perdidas, desorientadas, as ovelhas de fora e algumas ovelhas de dentro. Fora isso, como diz meu próprio lema: “Eu te louvo Pai, Senhor do céu e da terra”. (Mt 11,25)
Escrever mensagens é uma tarefa meio complexa, pois elas expressam o momento, e muitas vezes, não tem o poder de ser atemporal. Mas… observando as feridas que trago no corpo e na alma, bem como os bálsamos que encontrei, penso que mesmo com todos os pesos e desgastes de um ministério assumido, só tenho a agradecer a Deus por Ele ter me chamado, diante de tantos que teriam mais capacidade e melhores dons. Não reconheço ter feito tudo que seria necessário, mas agradeço por mesmo assim Deus ter me acolhido a fazer o que pude. Aos estimados seminaristas, que Deus vos atraia o olhar, como deve ser, mas sempre olhem para onde Deus pede para olhar: o povo. Olhar para Deus é saber que Ele pedirá para olhar o povo. Não desviem o olhar dos favoritos dele pensando que isso o agrada mais que tudo.”
Source: Diocese