Corriam os anos de 2005 e 2006 e o volume de atividades e comunidades da Paróquia Imaculada Conceição de Diadema era muito intenso, especialmente os desafios de gerir a Matriz da quarta maior cidade da diocese, com toda a demanda sacramental decorrente disso e comunidades grandes nas periferias, periferias complexas, como são as de Diadema, que se desenvolvem diariamente. Com essa inquietação, foi apresentado pela região ao então bispo diocesano, o projeto da criação da nona paróquia na cidade, que se instalaria no Parque Real, o que de fato ocorreu, pelo decreto de criação, emitido em 16 de maio de 2007.
Num período de transição três comunidades foram unificadas provisoriamente sob o cuidado da Paróquia Imaculada Conceição: Cristo Rei, no Parque Real (a futura matriz), São Camilo de Lellis (Parque Sete de Setembro) e São Francisco de Assis (Jardim dos Eucaliptos). As duas primeiras originalmente capelas da matriz de Diadema e a última comunidade oriunda da Paróquia Nossa Senhora das Graças do Jardim Ruyce.
A instalação da paróquia e posse do primeiro administrador paroquial, o Pe. André Rodrigues da Silva, se deu no ano seguinte, no mês de fevereiro.
Antes de 2007, uniões e distâncias
As comunidades que formariam a nova paróquia já possuíam histórias muito anteriores. A mais antiga delas descende dos movimentos das Comunidades Eclesiais de Base, organizadas quando o Pe. Manoel Parrado Carral era pároco da Imaculada Conceição, a Comunidade Cristo Rei foi fundada em 07 de julho de 1982 (prestes a completar 40 anos), reunindo os grupos do Parque Real, Vila Conceição, Jardim Santa Cândida e Jardim Tiradentes.
Do outro lado da área verde (hoje o Conjunto da Sanko, que inexistia naquele tempo), era notável outra frente de evangelização, vinda da Paróquia Nossa Senhora das Graças pelo valoroso trabalho das irmãs de Santa Paula Frassinetti, as dorotéias, que incentivavam muito a criação dos grupos de rua na região do recém loteado Jardim dos Eucaliptos. O grupo Santa Paula evangelizou toda a região da Serraria nas décadas de 1970 e 1980, sendo a mais antiga gênese do que seria a partir de 1999 a Comunidade São Francisco de Assis no Jardim dos Eucaliptos.
No ano de 2000, na região do Parque Sete de Setembro, divisa com o Pantanal, a Pastoral da Saúde desenvolvia belos trabalhos, o que, com a força dada pelo Pe. Wagner Dorighetti, fez surgir a Comunidade São Camilo de Lellis.
A década de 1990 traz um elemento importante para a futura paróquia: a criação do Conjunto Habitacional Sanko, na região da Avenida Afonso Monteiro da Cruz. Foi um grande projeto de construção da moradias populares que uniu as regiões do Parque Real ao Jardim dos Eucaliptos, trajeto possível apenas via Vila Conceição, o que isolava mais as regiões. Caso esse conjunto não tivesse sido feito, provavelmente seria impossível, geográfica e pastoralmente falando, unir as três comunidades originais.
O primeiro padre
De 1982 até 2006, com as comunidades Cristo Rei e São Camilo, passaram vários padres, citando os párocos: Pe. Manoel Parrado Carral, Pe. Paulo Bezerra de Carvalho, Pe. José Ailton Teixeira, Pe. Wagner Dorighetti e Pe. Antônio Guimarães do Couto Filho. Pelo Grupo São Francisco, depois comunidade, passou o então pároco da “Santa”, o Pe. Paulo Sérgio de Lima. Todos esses padres e muitos vigários e diáconos deram suas contribuições, bem como as irmãs Servas do Sagrado Coração de Jesus, instaladas no Parque Real desde 2001.
Quando da criação da paróquia Cristo Rei o primeiro administrador paroquial foi o Pe. André Rodrigues da Silva, que pastoreou entre 2008 e 2016, um período de oito anos em que foram dados os primeiros passos para uma organização paroquial bem complexa, pois seria necessário unir dois estilos pastorais bem diferentes: o da Imaculada Conceição, mais influenciado pela Pastoral Familiar e pelas Equipes de Nossa Senhora, com o da Nossa Senhora das Graças, mais marcado pelas Comunidades Eclesiais de Base. Pe. André viu importantes momentos das comunidades permanecendo oito anos na paróquia, seguidos por um breve período de pastoreio do Pe. Rogério Romão, nomeado administrador antes de sua transferência para Mauá.
Os párocos mais recentes
Em 2016 foi nomeado terceiro pároco da paróquia o Pe. Joaquim de Souza, que viera de um pastoreio na Paróquia Nossa Senhora das Vitórias, em Mauá. Pe. Joaquim permaneceu até 2019 e em seu período foi feita a obra da ampliação do Salão Paroquial, que substituiu o antigo da década de 1980 e também a reorganização da Comunidade São Francisco de Assis. No ano de 2019, também assumindo a casa de formação filosófica do Seminário Diocesano, é nomeado o quarto pároco: Pe. Hamilton Gomes do Nascimento, até então administrador da Paróquia São Felipe Apóstolo, em Mauá. O último período foi, infelizmente, marcado pela pandemia, difícil, mas que fez as comunidades reagirem com muita criatividade diante de dificuldades antigas e novas. No ano de 2021 a Comunidade São Francisco de Assis acolheu uma co-padroeira: Nossa Senhora da Cabeça, acolhido como primeiro título mariano na paróquia e somando a devoção mariana ao já consagrado carisma franciscano.
Diadema é uma cidade muito intensa, agitada desde que nasceu. A região da paróquia Cristo Rei foi reorganizada a partir da revisão dos territórios diocesanos, ocorrida em 2020. A partir desse momento se pode saber que a paróquia possui uma população imensa, mais de 50 mil pessoas segundo o censo de 2010 do IBGE, o que lhe dá a segunda maior população da cidade (atrás apenas da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, com 54 mil) e a sétima maior população da Diocese, dados estes que lhe concedem uma característica peculiar: a maior densidade demográfica da Diocese, mais de 20.000 hab/km2. E ao andar pelas ruas dos bairros não é muito difícil acreditar nisso não: são mais de 100 prédios entre conjuntos habitacionais e condomínios particulares, fora os 13 núcleos habitacionais espalhados pela paróquia. Essa aglomeração gigante de pessoas produz uma realidade única e por vezes até difícil para a evangelização.
15 anos e a busca pela identidade
A festa dos 15 anos era uma dúvida, pois a pandemia não dava muitos sinais de que fosse se amansar tão cedo. Deus, contudo, deu esta graça a toda a humanidade. Pe. Hamilton assumiu a paróquia em 2019 com um objetivo simples resumido em três verbos: ouvir, dialogar e rezar. O CPP, junto com o pároco tem se esforçado para ouvir muita gente, seja pelas visitas aos prédios e comunidades carentes, bem como pela criação dos 12 setores missionários, ocorrida na Festa de Cristo Rei do ano de 2021. Com números tão significativos, mas uma estrutura ainda “de capela”, sendo que as capelas ainda precisam ser construídas e pela população até talvez multiplicadas um dia, a paróquia se lança a consolidar-se como paróquia referencial para a região Centro-Oeste de Diadema, dizendo que existe, para sair do desconhecimento das pessoas dos bairros que ainda muitas vezes nem sabiam que ela existia.
Hoje a paróquia possui a doação de vida de cerca de 300 agentes de pastoral em 30 pastorais e movimentos sob a orientação do pároco: Pe. Hamilton Gomes do Nascimento e a ajuda do Diác. Márcio Giovani Buttignol, da Irmã Paola Nuñez e do Sem. Junior. Graças a Deus as comunidades crescem, e se pede muito a Ele que o desejo missionário de chegar a todos continue se cumprindo por estas muitas pessoas que hoje compõem a paróquia. Que Diadema seja lembrada, desde as suas periferias, que são muito concretas, como uma cidade de muita fé e luta, muita esperança, guiada por Nossa Senhora e por seu filho, o Rei do Universo.
A Paróquia Cristo Rei celebra os 15 anos com missa solene presidida pelo bispo diocesano, Dom Pedro Carlos Cipollini, no dia 16 de maio de 2022 às 19h30, na Matriz Paroquial de Cristo Rei, que fica na Rua Claudino de Oliveira Pessoa, 79, Parque Real, Diadema.
* Artigo por Pe. Hamilton Gomes do Nascimento e PASCOM da Paróquia Cristo Rei
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