Estimados irmãos, desde 2000 a Igreja, por meio do pontificado do Papa João Paulo II, hoje santo, celebra com alegria e júbilo o segundo Domingo da Páscoa como o Domingo da Divina Misericórdia. No dia 30 de abril deste mesmo ano, dia que canonizou a Beata Faustina Kowalska, o sumo pontífice fez o anúncio de instalação da festa. Instituir essa celebração para toda Igreja Universal é também a conclusão de um caminho particular percorrido entre Karol Wojtyla e a Divina Misericórdia.
Ainda enquanto Cardeal da Igreja Polonesa, Karol Wojtyla teve contato com os escritos da Irmã Faustina, que em forma de diário relatava suas experiências com Jesus Misericordioso. Tal experiência é possível ser acessada por todos, por meio da leitura do Diário de Santa Faustina, uma obra rica em amor a Deus e de perdão aos homens.
O processo que conclui pela beatificação da religiosa Kowalska passou diretamente por suas mãos, ainda enquanto cardeal da Cracóvia, o que lhe conferiu muita intimidade com o tema. Karol, o nosso querido João de Deus, que esteve no Brasil por duas vezes em visitas apostólicas, ao longo de seu pontificado, é de origem polonesa. E a devoção a festa da Divina Misericórdia
é uma das grandes marcas da fé deste país.
Então, já os tendo introduzido ao tema desta nossa matéria, gostaria de lhes fazer uma pergunta, queridos leitores. Como viver a Misericórdia Divina em um mundo marcado por tanta intransigência e violência?
Penso que podemos encontrar a resposta no mistério da misericórdia vivida pela Igreja, em cada sacramento da reconciliação, a confissão. Mesmo o mal mais grave,mais violento e assustador, Deus é capaz de perdoar, pois Ele nos perdoa e perdoa sempre, mas também espera ver de nós sinais de conversão e mudança de vida, como por exemplo, vivermos o perdão e a reconciliação entre nós. Se Ele nos perdoa, por que nós também não perdoamos? Mas talvez você também possa se perguntar… Como ser capaz de perdoar quem faz mal, como por exemplo, ferir a vida de inocentes? Como estamos mergulhados em um oceano de comunicações, evidentemente a repercussão de casos brutais tem nos atingido e muito, mas isso não quer dizer que o mal esteja prevalecendo. Gostaria aqui, a fim de ajudá-los na reflexão, citar o caso de atentado cometido contra São João Paulo II, em 13 de maio de 1981, na Praça de São Pedro. O papa foi baleado e gravemente ferido por Mehmet Ali, um terrorista turco, que contra o Sumo Pontífice disparou dois tiros. No mesmo período, o homem turco foi condenado a prisão perpétua pelo tribunal italiano. Ocorre que após a recuperação da saúde, João Paulo II foi visitar Mehmet e lhe perdoou por seu crime, a tentativa de homicídio. O perdão também se manifestou por meio da libertação do cárcere italiano, onde em junho de 2000, Mehmet Ali foi deportado para a Turquia. São João Paulo II não só apresentou a Misericórdia Divina ao mundo, como também viveu essa mesma misericórdia em sua vida. Aqui eu gostaria de chamar atenção para um ponto, que penso ser crucial em nossa matéria.
Só seremos capazes de viver a misericórdia se estivermos dispostos a olhar o mundo de modo sobrenatural, com o olhar divino. Pelas nossas próprias opiniões e achismos, muita coisa não mereceria compaixão, carinho ou cuidado, mas quando buscamos viver o que Jesus viveu, como nos recorda a canção do Pe. Zezinho, seremos plenamente capazes de amar e servir a todos, sem distinção, mas com muita misericórdia. Deus deu seu próprio filho por nossos pecados. Ele espera de nós então que sejamos misericordiosos. Fica aqui a você que me acompanhou na leitura desta matéria uma grande provocação: Que tal se aprofundar então nas obras de misericórdia espirituais e corporais apresentadas pela Igreja e tentar vivê-las ao longo de sua vida cotidiana?
O próprio Papa Francisco sempre nos recorda a necessidade de sermos uma Igreja Misericordiosa, do amor e da compaixão, então busquemos estar em comunhão ele, e com todos que vivem belos e grandiosos testemunhos de misericórdia. Que Deus nos ajude nesta grande missão, de olhar o mundo pelos olhos divinos.
Pe. Jorge Luis Gomes Bonfim
Vigário paroquial da paróquia Maria Mãe dos Pobres, região diadema
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