Maria Teresa Goretti, ou Marieta, como a chamavam familiarmente os seus parentes, não é a única menina que preferiu sucumbir antes que ceder às insídias de tarado. Quase todos os dias os jornais referem-se a fatos de violências exercidas sobre meninas indefesas. O motivo principal pelo qual a Igreja quis apresentar o exemplo desta menina de doze anos não é só a defesa ao extremo de uma virtude como a pureza, mas toda a sua vida exemplar, a decidida escolha não em razão da honra, mas do mandamento divino: “Não, não, Deus não quer; é pecado!”, gritou ao moço de 18 anos, Alexandre Serenelli, que procurava violentá-la.
A família Goretti, originária de Corinaldo, da província de Ancona, obrigada pela necessidade havia emigrado para o inóspito Agro Pontino na localidade Ferrieri di Conca, a dez quilômetros de Netuno, pelos fins do século XIX. A família, acostumada aos duros trabalhos dos campos, se arranjou do melhor modo que pôde num casarão abandonado e enquanto o pai e a mãe trabalhavam na lavoura, Maria cuidava dos quatro irmãozinhos mais novos que ela. Perdeu o pai quando tinha apenas dez anos. Morreu por doença. Assim mamãe Assunta, para ganhar o necessário à vida, ficava o dia inteiro no trabalho do campo e Maria, que não tivera meios de frequentar a escola senão um pouco, logo teve de renunciar totalmente. Cuidava da casa e dos irmãos e quando podia corria à longínqua igreja para aprender catecismo. Assim, aos doze anos, num domingo de maio, pôde fazer a primeira comunhão.
Era menina muito crescida, pela sua idade, e por isso chamou a atenção de Alexandre Serenelli, jovem irrequieto. Suas provocações foram energicamente desprezadas. Mas Alexandre não desistiu. Uma manhã, quando mamãe Assunta partiu para o trabalho, deixando em casa só Marieta com a irmãzinha menor (que mais tarde abraçou a vida religiosa entre as franciscanas missionárias da Imaculada), após mil rejeições da parte da menina, apunhalou-a com vários golpes. Transportada ao hospital de Netuno, morreu no dia seguinte, pronunciando palavras de perdão para o assassino: “Por amor de Jesus perdoo-o e quero que venha comigo para o paraíso”. Era o dia 6 de julho de 1902. Condenado aos trabalhos forçados, Alexandre Serenelli obteve perdão por sua boa conduta após 27 anos. Em 1910 ele disse ter tido uma visão da pequena mártir e desde aquele momento sua vida mudou. A mãe e os irmãos puderam assistir em 1950 à solene canonização de Marieta, a jovem que não se deixou contaminar pela doença do pecado.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
FONTE: PAULUS
Source: Igreja no Mundo