O jovem prefeito da Ligúria e da Emília, Ambrósio, nascido em Tréveros pelo ano de 340, era ainda catecúmeno, quando por aclamação popular subiu à sede episcopal de Milão. A respeito da religião cristã estava ainda por aprender quase tudo, e se dedicou sobretudo ao estudo da Sagrada Escritura com tanto empenho que logo a dominou. Ambrósio, porém, não era intelectual puro; era sobretudo ótimo administrador da comunidade cristã a ele confiada. Tornou-se verdadeiro pai espiritual dos jovens imperadores Graciano, Valentiniano II e do temível Teodósio I que não hesitou em repreender asperamente, exigindo dele penitência pública de expiação quando, para conter uma revolta, fez massacrar a população de Tessalônica. Ambrósio é o símbolo da Igreja renascente, após os sofridos anos de vida escondida e das perseguições. Por meio dele a Igreja de Roma tratou sem sombra de servilismo com o poder público.
Foram as suas qualidades pessoais que impuseram o bispo de Milão à devota atenção de todos. A atividade diária de Ambrósio era dirigida antes de tudo à orientação da própria comunidade, e cumpria as suas tarefas pastorais dirigindo ao seu povo mais de uma homilia por semana. Santo Agostinho, que foi seu assíduo ouvinte, refere-nos em suas Confissões quão grande foi o prestígio da eloquência do bispo de Milão e quão eficaz o tom de voz deste apóstolo da amizade.
Os seus livros publicados e que chegaram até nós nada mais são que apressadas transcrições e reutilizações de discursos, pouco ou nada revisados. Os seus célebres Comentários exegéticos, antes de serem reunidos em volumes, tinham sido pregados à comunidade cristã de Milão. Aí encontramos o tom familiar do pastor que se dirige com amável simplicidade ao seu rebanho. Sente-se aí palpitar o coração de grande bispo, que consegue suscitar a comoção nos ouvintes com argumentações carregadas de emotividade e de interesse. Como bom pastor gosta de fazer seu povo cantar. Compôs bom número de hinos, alguns dos quais ainda hoje são bastante familiares na liturgia ambrosiana. Foi ele que introduziu no Ocidente o canto alternado dos salmos.
Entre os seus escritos que não têm relação direta com a sua pregação, recordamos o Deveres dos ministros, porque enfatizando o conhecido texto ciceroniano e acolhendo todos os elementos, demonstra que o cristianismo pode assimilar sem perigo de alterar o significado da Boa Nova os valores morais naturais que o mundo pagão, o romano em particular, soube expressar. Ambrósio morreu em Milão a 4 de abril de 397.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
FONTE: PAULUS
Source: Igreja no Mundo