Estes três abades foram protagonistas de uma mesma história de renovação religiosa que teve como centro a França do século XI e que confirma a operação do Espírito Santo na Igreja. Em cada época ele suscita pessoas que, com a volta às origens, procuram contato mais vivo com a palavra de Deus e o serviço aos irmãos. São Roberto de Turlande nasceu na Alvérnia, de família senhoril, pelo ano de 1001. Ainda muito jovem foi confiado aos cônegos de são Julião de Brioude e tornou-se padre e cônego. Embora já houvesse construído às próprias custas um hospital para os pobres e peregrinos ele continuava a aspirar a um testemunho de vida mais explícito. Por isso se dispôs a entrar em Cluny, então em pleno vigor, mas os confrades e os protegidos opuseram-se.
Decidiu então fazer uma peregrinação a Roma a fim de pedir luzes ao Senhor. Foi também a Montecassino e teve confirmação de sua vocação monástica. Voltando a Brioude, juntamente com dois leigos, retirou-se em 1043, para lugar solitário que depois receberia o nome de La Chaise-Dieu (Cadeira de Deus). Pobreza e inserção na Igreja local deveriam ser as características do grupo de monges e de mosteiros que brotaram de são Roberto. Ele morreu entre a veneração geral a 17 de abril de 1067 e foi canonizado em 1070 por Alexandre II.
São Roberto de Molesme e santo Estêvão Harding viram sua fama eclipsada por são Bernardo, mas não se pode esquecer que foram eles os iniciadores de uma das Ordens Religiosas mais vivas na Igreja, a dos cistercienses. Roberto de Molesme nasceu em 1028-29, foi como um grão de trigo que tem de morrer para produzir fruto e sua morte veio pelas mãos de seus próprios confrades. Fundada Molesme, viu-se cercado de numerosos irmãos, que não alimentavam a sua mesma aspiração de renúncia às riquezas e ao prestígio. Tentou então dar vida a uma nova fundação: isso ele fez em Citeaux com a colaboração de santo Estêvão Harding, nascido na Inglaterra meridional em 1060, mas os confrades invejosos fizeram-no voltar a Molesme, sem todavia consentir que ele realizasse as reformas necessárias.
Talvez tenha sido o seu sacrifício (semelhante ao de Abraão) que permitiu a Estêvão Harding, primeiro, e sobretudo a são Ber-nardo, depois, encaminhar e consolidar a experiência reformadora do convento de Cister, com a sua vida pobre e austera, numa rigorosa fidelidade à Regra beneditina, da qual se retomava também o convite a manter-se com o trabalho das próprias mãos.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
FONTE: PAULUS
Source: Igreja no Mundo