Os santos Januário, Festo, Desidério, Sosso, Procolo, Eutiquete e Acúcio, a respeito dos quais possuímos Paixões muito posteriores, parecem ter derramado o sangue por Cristo no início do século IV. Numa breve nota hagiográfica da Liturgia das Horas lê-se que “são Januário, bispo de Benevento, sofreu o martírio em Nápoles, junto com os seus companheiros, durante a perseguição de Diocleciano”. Os bispos de Benevento com esse nome são pelo menos dois: são Januário, mártir em 305, e são Januário II que em 342 participou do concílio de Sardes. Este último, perseguido pelos arianos por causa de sua adesão à fé de Niceia, teria sido venerado como mártir. Mas a maior parte dos historiadores são propensos a identificar o padroeiro de Nápoles com o primeiro, ou melhor, com o mártir napolitano de Pozzuoli. Fora condenado às feras no anfiteatro de Pozzuoli, juntamente com os companheiros de fé. Por causa do atraso de um juiz, teria sido decapitado e não dado como alimento às feras.
Um século mais tarde, em 432, na oportunidade da trasladação de suas relíquias de Pozzuoli para Nápoles, uma senhora teria entregue ao bispo João duas ampolas contendo o sangue coagulado de são Januário. Como garantia da afirmação da mulher o sangue se liquefez diante dos olhos do bispo e de grande multidão de fiéis. O evento singular, desde então, se repete todos os anos em determinados dias: no sábado que precede o primeiro domingo de maio, nos oito dias sucessivos, a 16 de dezembro, a 19 de setembro e durante toda a oitava das celebrações em sua honra.
Os testemunhos sobre esse fenômeno começam a partir de 1329 e são tão numerosos e concordes de tal modo que não se podem contestar.
O prodígio, confirmado também pela ciência, é seguido por toda a população napolitana. A sincera devoção dos napolitanos para com o mártir, historicamente pouco identificável, fez com que a memória de são Januário, celebrada liturgicamente já desde 1586, fosse conservada no novo calendário. Como ao fenômeno falta explicação natural, não dependendo nem da temperatura nem do ambiente, podemos, de qualquer modo, atribuir-lhe o significado simbólico de testemunho vivo do sangue de todos os mártires na vida da Igreja, nascida do sangue da primeira vítima, Jesus Cristo.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
FONTE: PAULUS
Source: Igreja no Mundo