Maria Madalena vai ao túmulo do Senhor, para ver o corpo de Cristo, um corpo morto, sem vida e ferido pela morte. Ao ver a pedra do sepulcro removida, ela volta e conta o fato aos discípulos que, alarmados, vão conferir o sepulcro vazio, mas não veem Jesus Ressuscitado. Decepcionados, os discípulos voltam para a casa enquanto Maria permanece no sepulcro, chorando o desaparecimento de seu Senhor.
Permanecendo no sepulcro, ela tem uma experiência marcante com Jesus Ressuscitado. No primeiro momento Maria não reconhece Jesus, pensa ser o jardineiro. Somente depois de ouvir Jesus chamando-a, ela o identifica. “Disse-lhe Jesus: “Maria!” Voltando-se ela, exclamou em hebraico: “Rabôni!” (que quer dizer Mestre).” Jo.20,16. Maria tem uma especial experiência com Jesus vivo e Ressuscitado, um corpo glorioso, que cheio de vida transforma suas lágrimas em alegria pascal.
A alegria pascal se torna, pois, o convite desta liturgia, desta festa, de Santa Maria Madalena. Devemos nos alegrar pois Nosso Senhor está vivo e presente em nossas vidas e histórias; Ele se faz próximo de cada uma de suas ovelhas chamando-as pelo nome. Ao ouvir o chamado de Jesus somos inflamados de ânimo, vigor, reconhecendo sua pessoa e testemunhando o seu amor. Para ouvir sua voz, em muitas ocasiões, como Maria Madalena, precisamos buscá-Lo ansiosamente, experimentá-Lo no perdão, permanecer aos seus pés e deixar que Ele nos conduza.
O Santo Padre o Papa Francisco elevou para o grau de festa a Memória litúrgica de Maria Madalena, desde o dia 22 de Julho de 2016, a fim de ressaltar a importância desta fiel discípula de Cristo que testemunhou grande amor e fidelidade ao Senhor.
Na carta de instituição da festa de Maria Madalena o cardeal da Sagrada Congregação para o culto divino nos fala sobre a decisão do Papa Francisco em elevar essa memória à condição de festa:
“A decisão inscreve-se no atual contexto eclesial, que pede uma reflexão mais profunda sobre a dignidade da mulher, a nova evangelização e a grandeza do mistério da misericórdia divina”
Apóstola dos Apóstolos foi um termo usado por São Tomás de Aquino para evidenciar a missão e o zelo apostólico de Maria Madalena. Com efeito, ela foi a primeira a contemplar Jesus Ressuscitado e foi correndo anunciar aos Apóstolos a ressurreição de Cristo.
Esse ardor em testemunhar que Jesus está vivo, só pode ser encontrado dentro de um coração que ama Cristo, um coração devoto. Esse é o legado deixado por Santa Maria Madalena ao povo de Deus; de pecadora e excluída se tornou santa e referência para toda a Igreja.
A festa litúrgica de Maria Madalena nos exorta sobre a nova evangelização, pois somente renovados com o amor de Deus, alimentados pela oração e meditação da Sagrada Escritura, iremos conseguir ter este vigor necessário para ir ao encontro de quem precisa da Palavra da salvação.
Santa Maria Madalena, rogai por nós!
¹ Artur Roche Arcebispo Secretário da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos. Disponível em: https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccdds/documents/articolo-roche-maddalena_po.pdf. Acessado em 17\07\24.
²São Tomas de Aquino, In Ioannem Evangelistam Expositio, c. XX, L. III, 6)