Estamos às portas do mês de junho, que é tido em nossa Diocese como o mês dedicado à conscientização e reflexão acerca do Dízimo, este importante gesto de fé e de missão. Nestes tempos em que falamos tanto de missão, vale recordar que ser dizimista é ser, antes de tudo, missionário, pois a missão pede entrega e generosidade. O dízimo, portanto, expressa a participação do fiel católico na missão de anunciar o Evangelho. Para que a missão continue e cresça, é preciso que a comunidade sustente a ação evangelizadora em todos os sentidos.
Segundo os bispos do Brasil, “o dízimo é uma contribuição sistemática e periódica dos fiéis, por meio da qual cada comunidade assume corresponsavelmente sua sustentação e a da Igreja” (CNBB, O Dízimo na Comunidade de Fé, Doc. 106, n.6). E ele se caracteriza a partir do compromisso de fé, uma vez que fazemos a experiência do Deus que entrega seu Filho para nossa salvação; do amor fraterno, que é um dos pilares da comunidade cristã; do compromisso moral, decisão pessoal que exprime o sentimento de pertença a uma comunidade paroquial. Embora o termo “dízimo” designe a décima parte (a partir de Abraão e Jacó), não há, por parte da Igreja, um valor estipulado. Deus não abençoa mais quem pode devolver mais. Não é assim. Deus se alegra com a gratuidade. Vale mais o coração generoso, gratuito e desejoso de devolver a Deus parte do que sua providência lhe concedeu (sem onerar as demais necessidades), que a quantia ofertada em si. Lembremo-nos da oferta santificante da viúva no Templo de Jerusalém (cf. Lc 21,1-4).
O dízimo tem uma dimensão religiosa (como experiência de fé e conversão, uma vez que o dizimista não possui privilégios na comunidade), uma dimensão eclesial (abertura do fiel e sua pertença à sua comunidade), uma dimensão missionária (gerando comunhão e partilha entre as igrejas) e uma dimensão caritativa. Além disso, é oferta a Deus destinada à administração de nossas paróquias, que necessitam de recursos.
É urgente o incentivo da missão da Pastoral do Dízimo, que ajuda em sua reta compreensão e motivação. E não se pode esquecer da sinodalidade, tarefa de todos. O papa Francisco nos recorda da necessidade de voltarmos às fontes e sermos uma Igreja Sinodal, onde os membros caminham juntos, se escutam, se acolhem e se ajudam. Peçamos ao Espírito Santo sabedoria e discernimento, a fim de que todos compreendamos a importância de sabermos quem somos nós neste edifício de pedras vivas que é a Igreja. Que o mês do dízimo, que se avizinha, renda muitos frutos em nossas vidas e na missão de nossa Diocese!
Pe. Guilherme Franco Octaviano
Par. São Jorge (Região Pastoral Santo André Leste)
Artigo publicado no ABC Litúrgico
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