Ao iniciarmos o mês de setembro, a Igreja no Brasil celebra o mês da Bíblia, com o objetivo de alargar no coração de cada fiel a Palavra de Deus, por meio da partilha da própria palavra que deve ser meditada e rezada. O mês de setembro foi escolhido em razão da festa de São Jerônimo (340-420), que é Doutor da Igreja e teve um papel fundamental para a tradução da bíblia para o latim a pedido do Papa Dâmaso.
O mês da bíblia surgiu em 1971, por ocasião dos 50 anos da Arquidiocese de Belo Horizonte – MG. Foi levado adiante através da força efetiva do Serviço de Animação Bíblica – SAB/Paulinas, até ser assumido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com o SAB até 1995 e assim, estendeu-se ao âmbito nacional (cf. Serviço de Animação Bíblica – SAB, p.84).
A sugestão para este ano é refletir sobre a carta de São Paulo aos Efésios, que tem como objetivo reavivar nossa adesão a Jesus,
o Messias, Filho de Deus, e de recordar nossa vocação batismal. “A carta aos Efésios oferece abundante contribuição à reflexão acerca da natureza da Igreja ao tratar da temática da “Unidade do Corpo de Cristo”, tema central deste escrito. O autor da carta realça, de modo particular, a unicidade de judeus-cristãos e gentios-cristãos no corpo de Cristo, a Igreja. Essa unidade está intimamente ligada e fundamentada na ação salvífica de Jesus Cristo, que reconciliou a humanidade com Deus, simbolizada pela união de dois povos antes inimigos” (cf. Texto Base-mês da bíblia 2023, p.7).
O tema que a CNBB escolheu para este ano busca explicitar em um primeiro momento, a temática central da carta: a unidade
do corpo de Cristo para, em segundo momento, refletir sobre o lema: “vestir-se da nova humanidade!” (cf. Ef 4,24).
A palavra unidade tem como origem o termo latim unitas, que indica único ou indivisível. Essa unidade está presente desde o início da Carta ao Efésios até a sua saudação final. A unidade vem da Trindade, o Pai e o Filho juntamente com o Espírito que elegeram gentios e judeus para receberem gratuitamente a salvação em Jesus Cristo. A unidade está afirmada na carta através de: temos
um só corpo, um só espírito e uma só esperança. A Igreja é o corpo de Cristo, pela ação do Espírito Santo, e caminha nesse mundo na esperança da glória futura, o Reino de Deus.
O autor parte da realidade experimentada pela Igreja. Esta unidade só é possível porque Jesus confirma a Igreja os seus dons. Todos os dons estão a serviço da edificação das comunidades cristãs. Segundo Schneider, “A Igreja é comunhão íntima com Cristo, isto é, o povo que crê no nome de Cristo e que vive a partir do corpo eucarístico de Cristo que, no batismo e na celebração da Eucaristia, se torna ele próprio corpo de Cristo”.
A pensarmos a unidade da Igreja ela se dá pela dinamicidade de seus carismas e serviços doado dentro da comunidade, dentro
das nossas realidades paroquiais, trabalhando todos juntos pela construção e pelo crescimento do Evangelho.
Cristo é a imagem perfeita do Pai, aquele que realiza em plenitude sua vontade soberana. Cristo é aquele que verdadeiramente ouve a voz de Deus, o Pai e se coloca a caminho.
Como sabemos, em Jesus se cumpre todas as promessas feitas no Antigo Testamento para o povo de Deus. A carta aos Efésios
chama sempre a atenção para a diferença entre o modo de viver dos gentios e dos cristãos. É preciso abandonar a antiga conduta,
o ser humano velho, que vai continuamente se corrompendo e deve-se vestir-se do ser humano novo, criado à imagem de Deus.
Somos convidados por Jesus a nos revestirmos de uma nova humanidade no amor, na caridade, na misericórdia, na vivência
da justiça, na santidade e na verdade. Os cristãos devem ser diferentes no comportamento e por isso o Espírito nos relembra
a necessidade de se entregar sinceramente a Jesus e assim fazer como Ele mesmo fez: a doação de sua vida, sua preocupação
com os mais necessitados, sua vida de escuta do Pai por meio da oração e o seu trabalho incansável pela instauração do Reino de
Deus, pois somos “todos irmãos” (cf. Mt 23,8) e fazemos parte do Corpo de Cristo, que é a Igreja.
Somos convidados ainda pelo próprio Cristo a vivenciarmos a unidade na diversidade de todos os povos em Cristo, formando
nele uma nova humanidade, redimida em sua oferta na Cruz, para viver uma relação filial com Deus, o Pai, mediante o dom do
Espírito Santo. Essa realidade só é possível diante da compreensão da Igreja como Corpo de Cristo, lugar de experiência e de encontro com o Ressuscitado, por meio das nossas ações pastorais, ações catequéticas com partilha da palavra de Deus e no encontro com o próximo.
Temos que nos “despojar-se do homem velho” (cf. Ef 4,22), de sua conduta confusa, de sua mentalidade fechada e egoísta
que nos afasta de realidade de Cristo e ser “vestir-se da nova humanidade” (cf. 4,24), criado à imagem de Deus, em justiça, amor, misericórdia, caridade e na santidade verdade, pois Cristo é a cabeça da Igreja.
* Artigo por Romário da Rocha Cunha, Seminarista Diocesano da casa de Teologia
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