Uma ocasião para conhecer o testemunho de vida e de fé
e a obra de Deus nele.
Este ano marca o 100º aniversário do nascimento do Frei Luigi Faccenda – fundador do Instituto Missionárias da Imaculada-Padre Imaculada Kolbe – e os 15 anos da sua morte, ocorrida a 9 de outubro de 2005.
«Uma fé autêntica – que nunca é cômoda nem individualista – comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela» (EG 183). É nesta perspectiva que queremos recordar o Frei Luigi: um homem, um sacerdote, um franciscano conventual; lembrar parar acolher o seu testemunho de vida e de fé, para conhecer a obra de Deus nele, para redescobrir hoje a validade e a atualidade dos valores que nortearam a sua vida.
Quem foi Frei Luigi Faccenda?
Um apóstolo e um missionário incansável que sentia a urgência do anúncio, a alegria de pertencer a Cristo e conquistar outros ao seu amor, e isto com todos os meios possíveis: a palavra, a pregação, a catequese, a imprensa, mas sobretudo a pessoa concreta, à sua história, à sua vida, que desejava conduzir a Deus através de Maria, a Imaculada.
Nasceu a San Benedetto Val di Sambro, Bologna, Itália, em 24 de agosto de 1920. Aos 12 anos entrou no Seminário dos Frades Menores Conventuais em Faenza, onde, entre altos e baixos devido a más condições de saúde, completou sua formação fransciscana e estudos teológicos. Emetiu a profissão dos votos simples e solene e foi ordenado sacerdote no dia 18 de maio de 1944.
Em 1945, em Bolonha, foi-lhe confiada a Milícia da Imaculada, o movimento mariano-missionário fundado por São Maximiliano Kolbe e este “encontro” com o mártir de Auschwitz, ainda pouco conhecido na Itália, mudou a sua vida, como ele mesmo muitas vezes narrou, enquanto encontrou na espiritualidade de Kolbe e em sua existência vivida por amor e no amor um segredo de vida e de santidade, um forte dinamismo missionário e evangelizador.
«“Apaixonei-me” por Padre Kolbe – escreveu Frei Luigi – pelo motivo de seu martírio, de sua total dedicação ao homem e à vida, de seu grande amor à Imaculada. Gostaria de saber onde este sacerdote teria encontrado a força para consumir plenamente o seu sacerdócio e a resposta veio quando eu soube que ele tinha meditado desde a sua juventude, o seu ideal: levar cada homem a Deus, à salvação, através da Imaculada. Esta paixão pelo homem também se tornou a minha paixão».
Em 1954, seguindo a insistência de algumas jovens, que expressavam o desejo de se entregar totalmente a Deus em um estilo de vida mariano ao serviço da evangelização, segundo o espírito do Padre Kolbe, nasceu o Instituto das Missionárias da Imaculada-Padre Kolbe, que em 1992 recebeu o reconhecimento definitivo da Igreja como Instituto secular de direito pontifício.
Em 1988 nasceram os Voluntários da Imaculata-Padre Kolbe, leigos ou clérigos agregados ao Instituto, cuja espiritualidade e missão compartilham. No dia 11 de fevereiro de 1997, no Brasil, junto com o confrade Frei Sebastião Quaglio, Frei Luigi Faccenda iniciou o Instituto dos Missionários da Imaculada-Padre Kolbe.
Na trilha da rica herança kolbiana – que acolhe, elabora e atualiza – Frei Luigi promoveu muitas iniciativas de evangelização e difusão da espiritualidade mariana. Ele foi guiado pela confiança ilimitada na verdade e na dignidade do homem e no amor a Maria, a Imaculada, a criatura na qual a beleza do Criador resplandece ao máximo, o verdadeiro rosto do homem amado por Deus e por ele chamado a uma felicidade sem limites.
Com o passar dos anos, essa paixão missionária não conhecerá limites, barreiras, obstáculos. Sempre atento aos sinais dos tempos, ao caminho da Igreja e às mudanças culturais e sociais, Frei Luigi contou com todos os meios para falar a única e universal linguagem do amor, convicto defensor do uso positivo dos meios de comunicação ao serviço do evangelho. E como num catavento de mil cores, a sua vida refletiu o amor em todas as suas dimensões e nuances: pregador e homem de oração, apóstolo incansável da palavra e da caneta, pai, irmão e guia pelos caminhos do Espírito.
Caminhando pelas estradas do mundo, ele deu vida a um sonho que sempre carregou no coração: o da vida missionária, o desejo de cruzar as fronteiras da própria terra, de compartilhar a própria experiência de fé com outros povos e culturas. Um sonho que não consegue realizar em primeira pessoa e na linha de frente, porque as suas condições de saúde não o permitem, mas que se concretiza quando as missionárias confiadas ao seu guia atravessam – como ele gostava de repetir – «os oceanos e os continentes, conduzindo, também ao meu nome, a luz da verdade e do amor».
Em 1969 acolheu o convite do Papa Paulo VI, que pedia evangelizadores para a América Latina, e enviou as primeiras missionárias à Argentina. Nos anos seguintes se abriram outras áreas de missão e presença: Estados Unidos, Bolívia, Luxemburgo, Polônia e Brasil.
Uma mensagem para hoje
No dia 9 de outubro de 2005, Frei Luigi encerrou a sua carreira terrena, deixando à Igreja e ao mundo o testemunho de uma vida vivida com generosidade e dedicação até ao fim. E, uma vez que «o Espírito não conhece as leis materiais do envelhecimento, mas evolui sem parar» (São Maximiliano), acreditamos que as suas palavras, os seus escritos, os seus ensinamentos continuam a traçar caminhos.
- Hoje ele nos dá sua fé na dignidade e na verdade do homem, de qualquer nacionalidade e cultura, perto ou longe: «O impulso radical de todas as minhas paixões, o dinamismo de todas as minhas ações, foi a fé na verdade e na dignidade do homem. Eu acreditei no homem porque no homem vi o reflexo de Deus feito homem».
Um convite a olhar para o outro, todos os outros, com os próprios olhos de Deus e para se colocar ao lado dele para fazê-lo descobrir a beleza e a grandeza de ser homem / mulher, de ser filho amado do Pai que está nos céus.
- Ele nos devolve Maria, a mãe que Jesus nos deu da cruz: «Ser Maria, viver Maria, dar testemunho de Maria, trabalhar com Maria para o crescimento do reino de Deus no mundo».
Ele nos diz para recebê-la em nossa vida para experimentar a alegria de pertencer a ela, de nos tornarmos cada vez mais como ela, de sermos ela em nosso tempo, nas realidades do mundo que nos foi dado habitar e transformar com a perene novidade do evangelho.
- Ele nos pede que sejamos homens e mulheres capazes de um olhar contemplativo sobre o mundo, para perceber a presença de Deus no enredo da história e dos acontecimentos de cada dia: «Viva na contemplação e na ação. Não só contemplação, não só ação: mas uma ao lado da outra, para que nada se perca na vinha do Senhor».
Crentes que sabem viver o evangelho no cotidiano, parte viva da grande família humana que em Cristo encontra horizontes de vida e de esperança… como foi para Maria, uma mulher de seu tempo e de todos os tempos.
O significado de um aniversário
Hoje, para acolher e viver de maneira nova, recordamos a rica herança espiritual do Frei Luigi: o carisma missionário mariano que o Espírito nos deu por meio dele e que ao longo dos anos conquistou o coração de muitas pessoas.
O lema-slogan escolhido para este centenário é muito eloquente: “Artífices do presente, responsáveis do futuro”; palavras com as quais Frei Luigi nos pede que estejamos presentes no nosso tempo para escrever uma nova página da nossa história. É uma entrega que ele faz a cada um de nós sacudindo-nos da tentação da saudade e projetando-nos para um futuro que é tudo para sonhar e construir. Um compromisso e, ao mesmo tempo, um desafio a viver na fidelidade criativa ao carisma e à missão da nossa Família consagrada, que continua o seu caminho pelas estradas do mundo para ser nele fermento do evangelho.
Lourdes Crespan – MIPK
@kolbemission
Legendas:
Frei Luigi Faccenda: fundador do Instituto das Missionárias, Missionários e Voluntários da Imaculada-Padre Kolbe. Foto: MIPK
No Campo de Concentração de Auschwitz, na Polônia. Foto: MIPK